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Desafiado a reconquistar seu público, “Pânico” se renova sem mudar muito

Mauricio Stycer

23/02/2015 02h46


Ao final de 2014, com audiência e repercussão em queda, todo mundo concordava que o "Pânico" precisava mudar para 2015. A estreia da nova temporada, neste domingo (22), mostra como este é um desafio complexo e difícil de resolver.

A questão é: como renovar um programa no ar desde 2003 sem alterar a sua essência, sem descaracterizá-lo? Como agradar ao fã-clube, ainda fiel, mas atrair novos espectadores?

De todas as novidades anunciadas pelo programa da Band, a mais ousada e que implica em mais riscos, sem dúvida, é a contratação de Tiririca. O palhaço faz um tipo de humor associado a uma tradição popular que, nos últimos anos, foi objeto de paródia do próprio "Pânico". A sua presença no programa, por isso, vai criar um "ruído" interessante.

Curiosamente, Tiririca não estreou neste domingo. O apresentador Emilio Surita avisou, assim que abriu atração, que nem todas as novidades prometidas seriam vistas na estreia. Em uma gravação, o palhaço apareceu brevemente, confirmando que estará no "Pânico" no futuro.

A maior novidade acabou sendo a estreia de uma nova imitação de Marvio Lucio, o Carioca, dedicada ao apresentador Fausto Silva. Como outros quadros do "Pânico", o "Domingão do Fausão" chamou a atenção positivamente pela excelente imitação de Carioca e negativamente pelo roteiro pobre.

Outra surpresa foi a gravação de um quadro, "Igreja do Poderoso", diante de uma grande plateia em um teatro de Paulínia (SP). A sátira a programas religiosos na TV, comandada por Eduardo Sterblitch, incluiu até a presença de uma "Andressa Ubach". "Eu tive um baque", explicou. "No passado, no Carnaval de Salvador eu transei com 70 caras, eu acho, e estou grávida de quatro deles". "Aleluia", respondeu o Poderoso.

A saída de Wellington Muniz, o Ceará, mereceu uma resposta típica do "Pânico" – uma nova imitação de Silvio Santos, também feita por Carioca, no palco, ao vivo. "O outro Silvio foi embora?", ele perguntou.

Como Ricardo Boechat e Boris Casoy em outros anos, o apresentador Luiz Bacci, da própria Band, foi brindado com uma paródia-homenagem, feita por Gui Santana. "Hora do Abate" mostrou um apresentador vaidoso, à frente de um programa sensacionalista. "Tenho compromisso com a verdade. Por que sou má… maravilhoso."

Marcas tradicionais do programa, como a trolagem aos famosos, em festas e no aeroporto, continuam sem grandes alterações. "Eu virei gay olhando a sua revista Playboy", disse Christian Pior para Hortência. Uma panicat, Mari Baianinha, foi promovida a repórter, no lugar de Nicole Bahls, e uma nova modelo, Aline, foi contratada para substituir Renata.

Um personagem dos primórdios, o Mendigo, vivido por Carlinhos da Silva, voltou. Outro humorista, Patrick Maia, estreou fazendo trollagens variadas. Daniel Zukerman mostrou, em uma reportagem séria, o trabalho de paparazzi brasileiros em Los Angeles,

O "Pânico", em resumo, me pareceu bem-sucedido no desafio de se renovar sem perder as suas marcas principais. A questão a verificar é se isso basta para reavivar o interesse pelo programa. O risco existe, como mostrou Tiririca em uma mensagem exibida no final do programa: "Tô no 'Pânico na Band'! Pior que tá não fica!".

Atualizado às 14h30: O "Pânico" estreou em 2015 com média de 4,9 pontos no Ibope, um índice mediano, mas ainda assim a melhor audiência da Band no domingo.

Veja o novo Silvio Santos do "Pânico"
Pânico apresenta seu novo Silvio Santos

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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