Em contraste com a sisudez da Globo, Carnaval da Globo News é só alegria
Mauricio Stycer
16/02/2015 03h51
Com duração de quase nove horas, a transmissão do desfile das escolas de samba do Rio é possivelmente o programa de televisão mais difícil de ser feito. Manter o espectador sentado diante do aparelho tem sido um desafio, como mostram os índices de audiência decrescentes.
Já há alguns anos, ignorando os protestos, a Globo abriu mão de exibir o desfile da primeira escola tanto no domingo quanto na segunda-feira para mexer menos na sua programação normal. Este ano, por conta da chuva, que atrasou o início do evento, quando entrou no ar a Viradouro ainda desfilava.
Com Luis Roberto e Fatima Bernardes no comando, um trio de comentaristas de apoio, Tiago Leifert fazendo entrevistas no estúdio e alguns repórteres na avenida, a transmissão da Globo segue um modelo engessado e sisudo, ainda que correto e eficiente, com poucos erros, mas cansativo.
Parêntesis (atualizado às 15h30): Não sei dizer se a audiência alcançada nas transmissões tem relação com os aspectos que comentei, mas a Globo registrou, na Grande São Paulo, 10 pontos de média no primeiro dia dos desfiles na capital paulista, na sexta (13), e 8 pontos neste domingo (15), na abertura do Carnaval do Rio. Este fato já havia ocorrido em 2014, quando a emissora marcou 8,6 pontos na sexta-feira (SP) e 7,4 no domingo (RJ). A boa notícia para a Globo é que os números apontam a interrupção de uma curva decrescente. Fim do parêntesis.
Com uma equipe, de fato, grande na rua, e transmitindo muitos eventos ao vivo, o Carnaval da Globo News tem chamado a atenção pelo bom humor de seus repórteres e pela boa música que tem mostrado. Gafes e acidentes têm ocorrido com frequência, mas a equipe está exibindo jogo de cintura nas situações mais difíceis ou constrangedoras (veja aqui).
Acredito que lições tiradas da transmissão dos desfiles em São Paulo e da cobertura dos blocos pela Globo News podem ajudar a emissora a tornar o seu principal evento, o desfile do Rio, menos cansativo.
Veja também
"Agora estou na Record", diz "Xuxa falsificada" na Globo News
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.