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“Tá No Ar” volta com mesmo pique e humor atrevido

Mauricio Stycer

12/02/2015 23h49

Como o segundo CD de um artista, depois de uma estreia de muito sucesso, a segunda temporada de um programa de TV que agradou muito é sempre cercada de muita expectativa. Será que vai manter o pique? Vai conseguir repetir a mesma qualidade?

"Tá no Ar – A TV na TV" não decepcionou. O programa criado por Marcius Melhem com Marcelo Adnet voltou em ritmo alucinante, com o mesmo humor atrevido da primeira temporada, rindo das mais variadas atrações da TV brasileira, da Globo e da concorrência.

Colado ao "BBB15", o programa abriu fazendo piada com os incompreensíveis discursos que o apresentador do reality show faz semanalmente. "Vai pra casa descansar Bial, porque acabou o BBB", convidaram Melhem e Adnet.

Na sequência, a trupe encenou uma das melhores piadas da noite, mostrando uma "reportagem" sobre o drama de ex-participantes do reality show que são viciados em fama. Eles vivem largados na rua, numa espécie de Cracolândia rebatizada como "BBlândia". "Ex-BBB é pior que mendigo", explicou a repórter.

Uma das boas estreias da noite foi o quadro "Vingança dos Famosos", em que artistas importunam pessoas comuns. No programa, Regina Duarte atormentou o responsável por um cartório enquanto ele almoçava com a família em um restaurante.

Como no ano passado, não faltaram piadas com publicidades famosas – no caso, com uma célebre campanha do banco Bamerindus, que não existe mais (e cujo dono morreu há poucos dias), e uma das Casas Bahia, um dos maiores anunciantes da TV brasileira.

Num aceno aos fãs que o programa conquistou em 2014, três das melhores atrações da primeira temporada foram reaproveitadas. Uma é a sátira contundente aos programas policiais vespertinos, chamada "Jardim Urgente", com Welder Rodrigues no papel do apresentador que grita "foca em mim".

Também voltaram "Balada Vip", no qual Melhem e Adnet debocham dos muitos "reis do camarote", e o "crítico da Globo", que reproduz comentários agressivos sobre a emissora. Uma das suas observações foi sobre o "processo de 'michaeljacksonsação' da televisão brasileira".

"Queríamos que o programa também mostrasse a forma esquizofrênica com que nós vemos TV, um ritmo frenético e superficial", prometeu Adnet antes da estreia. Promessa cumprida com louvor.

Resta ver se, além do sucesso na internet, que ocorreu no ano passado, o programa também alcance aceitação na televisão, justamente o objeto de sua crítica.

Exibida entre abril e junho de 2014, a primeira temporada ficou longe de ser um sucesso de audiência, com média em torno de 9 pontos e enorme esforço para ficar em primeiro lugar – chegou a perder e empatar com o humorístico "A Praça É Nossa", do SBT, em algumas ocasiões.

Mostrar que o humor do "Tá No Ar" pode ser apreciado por um público maior é o grande desafio da equipe que faz o programa.

Atualizado às 11h: faltou mencionar no texto o demolidor clipe final, com o samba-enredo da fictícia escola "Amarelo e Cinza". Vale rever aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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