Audiência regular, pouca repercussão e muitos spoilers marcam “Império”
Mauricio Stycer
16/01/2015 08h50
Ainda assim, não são números empolgantes. Até o momento a trama de Aguinaldo Silva registra 32 pontos de média. A tendência é aumentar no final. Sua antecessora, "Em Família", fechou com 30 pontos, bem menos que "Amor à Vida" (36) e "Salve Jorge" (34).
Por este ponto de vista, é motivo de festa para a Globo ver que "Império", ao menos, está recolocando a novela das 21h em seu patamar anterior de audiência, ainda que ele não seja dos mais altos.
Os dados mais recentes, referentes à semana entre 5 e 11 de janeiro, mostram "Império" em nono lugar, atrás de "O Canto da Sereia", "Maysa", "O Pagador de Promessas", "Fantástico", "Malhação" (dois capítulos), um filme da Sessão da Tarde e outro da Tela Quente. Na semana anterior, a novela de Aguinaldo Silva havia ficado em décimo.
Significa dizer que esta parcela do público, relativamente pequena, mas sempre antenada em relação ao que passa na TV, não está vendo muita graça ou motivos para tuitar a respeito de "Império".
As novelas estão tão entranhadas na cultura do brasileiro que há, ainda, uma forma alternativa, também eficaz, de sentir o grau de interesse do público por elas. É quando a trama vira assunto no cotidiano, no trabalho ou na lanchonete, entre amigos ou mesmo entre desconhecidos.
Reconheço que este método é muito subjetivo. Ainda assim, arrisco dizer que "Império" ainda não virou assunto no dia a dia das pessoas. A última novela que notei ter "caído na boca do povo" foi "Amor à Vida", muito por responsabilidade de um personagem caricato, mas ruidoso e polêmico, o Felix vivido por Mateus Solano.
Não sei dizer se uma coisa tem a ver com a outra, mas me chama a atenção o tanto de "spoilers" de "Império" que têm sido vazados por sites, colunas de jornais e revistas populares, adiantando detalhes sobre os próximos passos da novela.
Ainda que possa ser visto como um "estraga prazeres", o spoiler ajuda na divulgação e promoção da novela. O espectador brasileiro, de um modo geral, não se incomoda em saber com antecedência o que vai acontecer nas tramas que acompanha.
Levando em consideração todos estes dados, meu palpite é que "Império" não vai mal, mas o seu resultado está abaixo das expectativas. E há um grande esforço em marcha para levantar a sua audiência na reta final.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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