Exagerada, Globo proclama que Troféu Domingão é o “mais importante” da TV
Mauricio Stycer
28/12/2014 19h53
Duas emissoras promovem anualmente uma entrega de prêmio aos "melhores" da televisão. O Troféu Imprensa, desde 1982 no SBT, é o mais antigo (existe desde 1960). Apresentado por Silvio Santos, contempla premiados entre todas as emissoras. O outro é o Troféu Domingão. Já em sua 19ª edição, é apresentado por Fausto Silva e premia exclusivamente participantes de programas da Globo.
Nenhum dos dois prêmios deve ser levado muito a sério. É verdade que sempre rendem programas divertidos, mas estão longe de oferecer uma avaliação isenta do que ocorre na televisão.
No do SBT, a pré-seleção é feita pela própria emissora e a decisão final cabe a um pequeno número de jornalistas convidados. No da Globo, quem faz a primeira seleção são os funcionários da emissora em votação secreta. Os vencedores são escolhidos pelo público em votação online.
Com todo respeito a quem votou, é difícil classificar como sério um prêmio que considera Fernanda Gentil melhor repórter do que Caco Barcellos ou Ernesto Paglia. Ou um prêmio que julga Chay Suede a maior revelação do ano, numa competição com Irandhir Santos e Jesuita Barbosa.
Este ano, a Globo entregou o seu troféu duas vezes. Em março, como vinha ocorrendo há anos, foi exibido o programa referente aos melhores de 2013. E agora, no último domingo de dezembro, foi feita a entrega aos eleitos de 2014.
Não teve bronca, como em março de 2013, quando Faustão reclamou publicamente da ausência de Marcos Caruso e Eliane Giardini na cerimônia. Mas sobrou ironia para Evaristo Costa, apresentador do "Jornal Hoje", que não estava presente.
"O Evaristo vai receber pelo Sedex o troféu dele", disse ao anunciar o vencedor do prêmio de melhor apresentador de telejornal. Faustão informou que o jornalista entrou de férias e não pode comparecer.
Em março de 2014, durante a entrega do prêmio aos melhores de 2013, Faustão até se desculpou pelo comentário feito no ano anterior sobre Caruso e Eliane. "Desculpa existe, não é uma borracha. Foi um problema interno, um erro nosso", se justificou.
Em todo caso, prevenida, a atriz Luana Piovani, que concorria este ano como melhor atriz em série, viajou para o Havaí, mas apareceu, via Skype, interagindo com Faustão. Foi elogiada pelo apresentador.
Em meio ao excesso de elogios habitual, dedicado a todos e todas, Faustão se atrapalhou ao receber Bruno Gagliasso, ganhador do prêmio por sua atuação em "Dupla Identidade". Ao falar da autora da série, o apresentador disse: "Gloria Perez, a Agatha Christie brasileira". A obra da escritora inglesa, uma das mais famosas autoras de romances policiais da história, não tem paralelo com nada que a autora brasileira já escreveu.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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