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Por que a exposição da intimidade de Adnet foi aceita e a de Aécio não?

Mauricio Stycer

10/11/2014 10h01

No debate mais polêmico da campanha eleitoral de 2014, a então candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), questionou o adversário, Aécio Neves (PSDB), sobre a sua posição a respeito da chamada Lei Seca, que pune motoristas que são pegos embriagados ao volante.

Ainda que sem mencionar o caso, a intenção da pergunta era provocar o rival a respeito de um episódio ocorrido em 2011, quando Aécio foi parado em uma blitz, no Rio, dirigindo com a carteira vencida e recusou-se a fazer o teste do bafômetro.

O candidato tucano reagiu duramente, primeiro afirmando que faltou à rival "coragem para fazer a pergunta direto". Depois disse: "Eu tive um episódio sim, e reconheci. Eu tenho uma capacidade que a senhora não tem. Eu tive um episódio que parei numa Lei Seca porque minha carteira estava vencida e ali naquele momento inadvertidamente não fiz o exame e me desculpei disso. Como a senhora não se arrepende de nada no seu governo", replicou.

A menção de Dilma ao caso foi duramente criticada por quem analisou o debate posteriormente. O campo tucano enxergou na pergunta uma "baixaria", entre outras que teriam sido cometidas pela campanha petista.

Discutir publicamente um fato ocorrido na esfera da vida privada de um candidato à Presidência é um certo tabu no Brasil. Existe a este respeito um cuidado que não há, por exemplo, nos Estados Unidos.

Por outro lado, os brasileiros parecem muito à vontade para discutir a vida privada de atores ou celebridades. O frenesi recente, causado pela foto, obtida por um paparazzo, do humorista Marcelo Adnet beijando uma mulher que não a sua, mostra isso claramente.

Tenho uma dúvida: qual é a diferença? Por que expor a intimidade de um ator parece normal, corriqueiro, e tratar abertamente da vida privada de um político dá a impressão de ser tão chocante? Qual das duas atitudes está errada?

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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