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Cinco sugestões para melhorar os debates eleitorais

Mauricio Stycer

25/10/2014 11h04

Todo mundo parece estar de acordo que os debates eleitorais nesta campanha de 2014 contribuíram muito pouco – ou nada mesmo – para esclarecer os eleitores. As razões para isso são conhecidas.

As assessorias dos candidatos impõem regras cada vez mais rígidas, infelizmente aceitas pelas emissoras. Os marqueteiros, no fundo, não querem que ocorram boas discussões. Para eles, é importante garantir que seus candidatos não saiam do roteiro estabelecido, o que faz os debates parecerem propaganda eleitoral.

Deixo para a reflexão cinco sugestões que, se adotadas no futuro, poderiam tornar os debates mais interessantes a quem importa, o eleitor:

1. A presença de jornalistas com direito a fazer perguntas: é uma forma de evitar que o candidato levante assuntos com o objetivo não de ouvir o que o outro tem a dizer, mas a fazer propaganda própria. Em alguns debates, no primeiro turno, até houve perguntas feitas por jornalistas.

2. Além de fazer perguntas, os jornalistas deveriam ter o direito de poder fazer réplicas. Como essa regra nunca é aceita, o jornalista faz uma pergunta, o candidato não responde e fica por isso mesmo.

3. Mediadores deveriam ter o direito de interromper os candidatos em algumas situações. Por exemplo, quando Dilma perguntou sobre Enem e Aécio respondeu sobre creches, o mediador deveria poder dizer: "Candidato, o senhor está fugindo do assunto". Ou quando Aécio perguntou sobre corrupção no governo e Dilma respondeu falando de corrupção no governo Fernando Henrique. "Candidata, o assunto é outro".

4. Banco de horas. Essa é uma proposta já apresentada este ano em conjunto por UOL, "Folha de S.Paulo", SBT e Jovem Pan aos candidatos e nunca aceita. Em vez de limitar o tempo de cada resposta ou réplica, cada candidato teria direito a um número total de minutos em cada bloco e administraria esse tempo da forma que bem entendesse.

5. Ataques pessoais e ofensas deveriam ser punidos na hora por uma equipe da emissora em que o programa é exibido. Uma punição, por exemplo, poderia ser a perda do direito de fazer uma pergunta. Ou perda de tempo de resposta. Dessa forma os candidatos se sentiriam inibidos a partir para ataques gratuitos.

Texto e vídeo foram publicados originalmente aqui, no UOL Eleições 2014.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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