Ame ou odeie Galvão Bueno, não deixe de falar dele
Mauricio Stycer
24/06/2014 11h08
Sua performance não provocou uma onda de rejeição, como em 2010, quando o "cala boca Galvão" foi parar no "The New York Times". Mas os seus exageros, as suas caras e bocas, as suas tiradas e as gafes fazem a alegria dos fãs, tanto os que o amam quanto os que o odeiam. Reproduzo abaixo meu comentário sobre a narração que fez de Brasil e Camarões na tarde de segunda-feira. Um dos temas do texto, a reclamação que ele fez do tira-teima da Fifa, mostrou-se posteriormente acertada:
Galvão reclama de crítica de Ronaldo à seleção e corneta tira-teima Fifa
Um dos momentos mais constrangedores do seu entusiasmo exagerado em defesa do Brasil ocorreu no intervalo. Ronaldo e Casagrande, como todos os espectadores, não estavam satisfeitos com o desempenho da seleção, mesmo vencendo por 2 a 1 no primeiro tempo. "Cadê o sorriso?", cobrou o narrador.
"Você não está exigente demais?", criticou Galvão. O ex-jogador, então, se sentiu obrigado a justificar: "A gente quer espetáculo." Casagrande, da mesma forma, teve que se explicar. Parafraseando os Titãs, disse: "A gente não quer só ganhar. A gente quer espetáculo e arte".
Outro momento de patriotismo exagerado ocorreu depois do terceiro gol, de Fred. O tira-teima da Fifa mostrou que o atacante brasileiro estava em posição de impedimento. Galvão não se conformou: "A própria Fifa já admitiu que não funciona", "cornetou" o narrador.
Não satisfeito, minutos depois, informou que o tira-teima da Globo iria mostrar que Fred estava em posição legal. "Não podemos mostrar durante a transmissão por questões contratuais".
Como de costume, Galvão também deu mostra de seus poderes de vidente. "Quem entende de leitura labial pode me ajudar e dizer o que o Felipão falou pro Neymar?", perguntou, antes de emendar: "Deve ter falado pro time jogar pra frente".
A execução do hino nacional pelo público do estádio Mané Garrincha deixou o locutor enlouquecido, apesar de ter se tornado rotineiro: "A cada vez que acontece emociona mais", disse.
Como se fosse necessário, Galvão pediu ao repórter Tino Marcos para avisar Felipão, quando a partida estava 3 a 1, que o técnico deveria ficar atento com o placar de México e Croácia, para garantir o primeiro lugar no grupo. Só rindo, Pacheco.
Este texto foi publicado originalmente no blog UOL Esporte Vê TV.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.