“Beijou tem que casar!”
Mauricio Stycer
29/05/2014 00h19
Os fãs de "Meu Pedacinho de Chão" não cansam de se surpreender com a novela. Nesta quarta-feira (28), foram vários os motivos.
Logo no início, Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi) vai à casa do coronel Epaminondas (Osmar Prado) questionar Ferdinando (Johnny Massaro) pelo beijo que o rapaz deu em sua filha, Gina (Paula Barbosa). O clima esquenta quando ele diz: "Beijou tem que casar". Dividida em três, a tela da TV transmite simultaneamente as expressões dos três protagonistas da cena.
Assim que aceita ser o candidato a prefeito de Antas nas próximas eleições, Ferdinando chama Zelão (Irandhir Santos) e informa ao capataz da fazenda que agora ele será seu segurança. A primeira medida é mudar o visual. A crina assusta, diz Ferdinando a Zelão. E ele não quer, como sempre fez seu pai, se impor pelo medo.
A professora Juliana (Bruna Linzmeyer) o encontra em seguida. A moça do cabelo rosa nota algo diferente e, delicadamente, remove alguns fios soltos do ombro de Zelão. "Às vezes a gente precisa de mudança pra sobreviver nessa vida", ele explica.
No final do capítulo, Zelão aceita a sugestão de Juliana e pede ao menino Serelepe (Tomás Sampaio) que o ensine a ler e escrever. É outra cena tocante. O garoto mostra ao capataz como escrever as vogais, uma de cada vez, e depois lê para Zelão o título de uma revista, que diz: "Um novo homem".
É impressionante ver, num capítulo de pouco mais de 35 minutos, tantas cenas bonitas, encenadas com tamanho cuidado em todos os seus aspectos – texto, direção e interpretação. "Meu Pedacinho de Chão" é um biscoito fino que a TV não servia havia muito tempo.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.