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Sem arriscar, Sabrina Sato reproduz modelo básico de programa de auditório

Mauricio Stycer

26/04/2014 23h00


Pegue um apresentador carismático, uma plateia empolgada, uma atração musical popular, um jogo valendo prêmio, uma entrevista com alguém famoso. Coloque no liquidificador. Bata bem. O resultado será um programa de auditório que você já viu na Globo, na Record, no SBT ou até mesmo na RedeTV!.

Nascido no rádio, o programa de auditório criou raízes na televisão brasileira. Há décadas, um mesmo modelo de atração se reproduz em todas as emissoras.

A estreia do "Programa da Sabrina", nesse sentido, foi decepcionante. Depois de uma década no "Pânico", "a japa mais querida do Brasil" foi contratada a peso de ouro pela Record para apresentar um programa que tem a cara de inúmeros outros.

Marca mais famosa da apresentadora, até mesmo a simpatia de Sabrina Sato pareceu engessada no modelo de programa – muito bem produzido, diga-se – criado para ela.

Por duas horas e meia (e apenas um intervalo comercial), ela recebeu a cantora Anitta, que cantou três músicas e divulgou o seu DVD, apresentou um "game" chamado "Meu marido é o cara", no qual quatro casais participam de uma gincana para faturar um prêmio de R$ 5 mil, e fez uma longa entrevista com o humorista Tom Cavalcante.

Dedicado à "família", segundo a emissora, o programa começou com um apelo forte – o quadro "Sabrina esteve aqui", em que a apresentadora visita um comércio popular e ajuda na sua promoção. "No meio do povo, Sabrina se diverte na comunidade da Vila Prudente/SP", explicou o gerador de caracteres.

Preocupada em ver lágrimas, Sabrina perguntava a todos os seus convidados se estavam "emocionados". Com 13 minutos de programa, a dona do salão visitado pela apresentadora já estava chorando. Com 32 minutos, foi a vez de Anitta derramar lágrimas ao ver no palco músicos de um coral que frequentou na infância.

Num raro momento mais descontraído, Sabrina comentou as cirurgias estéticas feitas pela cantora: "Essa recauchutada que você deu, você ficou ainda mais gata. Ficou com cara de rica."

A certa altura, a seguinte mensagem apareceu na tela: "A Record mudou a Sabrina? Não! A Sabrina só mudou pra Record!" Discordo. A julgar pelo programa de estreia, a simpática e espontânea garota do "Pânico" se transformou em uma espécie de genérico de apresentador de programa de auditório. Competente, bem realizado, mas igual a tantos outros. Sabrina merece algo mais original.

Audiência: No ar das 20h30 às 23h, pontualmente, o "Programa da Sabrina" ficou em segundo lugar, segundo dados prévios do Ibope, com média de 10 pontos, metade do obtido pela Globo (20) e o dobro do SBT (5).

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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