Convidado de Geraldo, Rafinha reclama de “sensacionalismo” do programa
Mauricio Stycer
30/03/2014 13h15
Na segunda edição do "Domingo Show", da Record, Geraldo Luis recebeu "o polêmico" Rafinha Bastos, para responder a perguntas e assistir a uma espécie de "arquivo confidencial" sobre a sua vida.
Ao vivo, o apresentador do "Agora É Tarde", da Band, reclamou da apelação do programa. Primeiro, se impressionou com o caos ao seu redor no palco. "É muito difícil falar sério com um anão e Bin Laden ao meu lado", disse, citando dois dos acompanhantes de Geraldo, sem mencionar os outros dois – um galo e um homem fantasiado de "morte".
Em meio às perguntas que ouviu, Bastos pediu para fazer uma questão a Geraldo. Queria saber como o apresentador lida com o fato de pensar o tempo todo no Ibope. "Televisão vive do quê? Audiência", respondeu o comandante do "Domingo Show".
Depois da exibição de uma longa reportagem com depoimentos dos pais, familiares e amigos de Bastos em Porto Alegre, o humorista pediu para comentar. Chorando, disse: "Eu não vim aqui pra limpar barra nenhuma", começou, enquanto ao fundo se ouvia uma música melosa. "Tira o piano", pediu. "É sensacionalista", disse Geraldo, entendendo o pedido.
Rafinha Bastos emendou: "Não, Geraldo. Sensacionalista foi tudo que eu vi aqui. Desencana". E repetiu a explicação: "Não tenho que limpar a minha barra. Particularmente, eu nunca ia aceitar a exposição da minha família na televisão, mas é o lugar que estou. Faz parte da minha vida."
"Não estou aqui pra limpar a minha barra", disse pela terceira vez. "Não estou aqui pra chorar, pra ganhar audiência. Estou cagando pra isso". O público começou a aplaudi-lo e ele novamente se manifestou: "Sem palmas. Não precisa ser exagerado, não precisa."
"Você acha que acabou?", perguntou Geraldo. O programa, então, mostrou mais imagens da família de Bastos – um vídeo em que sua irmã aparece com o filho recém-nascido. Dirigindo-se a Geraldo, Bastos reclamou mais uma vez: "Não precisava colocar o neném da minha irmã na TV. Agradeço do fundo do coração a homenagem, a todos, não ao cara que escolhe as trilhas".
"O apelido dele é Teletubbie", disse Geraldo. "Teletubbie, você é horrível. Eu choraria muito mais se você colocasse umas músicas decentes." E, dirigindo-se a Geraldo, fez mais uma observação: "Posso pedir uma coisa, se tiver imagem do meu filho, não bota.."
Depois de duas horas no palco do programa, Bastos finalmente respondeu à "pergunta-bomba" que Geraldo havia preparado: "Você pediria desculpas agora para Wanessa Camargo?". Como já respondeu inúmeras vezes nestes últimos três anos, o humorista disse "não". E explicou: "Não pediria perdão. O comediante tem que ter liberdade. Ela está convidadíssima a ir no meu programa, pra gente conversar sobre isso. Não pediria perdão porque isso atrapalharia na minha profissão."
Bastos acrescentou: "Piada não pode ser levada tão a sério. O comediante não pode ter limites. A comédia é feita pra romper limites. Vou fazer piadas como essa a minha vida toda. A minha profissão ter que ser defendida."
Foi, em resumo, uma homenagem bem original.
Em tempo (atualizado às 15h30): No ar entre 11h e 15h25, o "Domingo Show" registrou audiência média de 10 pontos, empatando com a Globo na liderança. Nos seus melhores momentos, o programa de Geraldo Luis teve picos de 15 pontos. O SBT, que contou com a presença de Danilo Gentili no "Domingo Legal" de Celso Portiolli, marcou 5 pontos. Os dados são preliminares, sujeitos a confirmação pelo Ibope na segunda-feira (31).
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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Sobre o blog
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