Estreia de Jimmy Fallon antecipa novidades nos talk shows brasileiros
Mauricio Stycer
18/02/2014 13h03
Março promete inédita concorrência no fim de noite na TV aberta no Brasil. Além da volta de Jô Soares, na Globo, duas novidades têm estreia prevista para a primeira quinzena do mês: Danilo Gentili, à frente do "The Noite", no SBT, e Rafinha Bastos, no "Agora É Tarde", na Band.
Ainda assim, como escrevi recentemente na "Folha", a grade da TV aberta brasileira estará longe de poder rivalizar com a da americana, onde o gênero deitou raízes tão profundas que ocupa duas faixas em algumas redes — um por volta das 23h30 e outro já na madrugada.
Nesta segunda-feira (17), com a estreia do humorista Jimmy Fallon, se consumou uma importante passagem de bastão no comando do "Tonight Show", um dos mais antigos programas ainda em exibição na TV.
No ar desde 1954, por lá passaram três dos comediantes que Jô Soares sempre cita como as suas principais inspirações: Steve Allen (1954-57), Jack Paar (1957-62) e aquele que é considerado o maior apresentador do talk show, Johnny Carson (1962-1992), que reinou por três décadas.
Ao se aposentar, Carson foi substituído por Jay Leno, levando David Letterman, que esperava ser seu sucessor, a trocar a rede NBC pela CBS. Leno apresentou o talk show por 17 anos, até 2009. Naquele ano, não resistiu ao sucesso que Conan O´Brien fazia no programa que vinha depois do seu e foi substituído. A mudança, porém, resultou desastrosa em matéria de audiência e, em março de 2010, Leno voltou.
Leno se despediu mais uma vez no último dia 6 de fevereiro. A estreia de Fallon, na noite desta segunda-feira, foi marcada por alguns detalhes importantes. Primeiro, o programa voltou a ser gravado em Nova York, como era na época de Carson, e não mais em Los Angeles, onde Leno morava.
Segundo, houve uma sutil mudança no nome do talk show. O "Tonight Show with Jay Leno" virou "Tonight Show starring Jimmy Fallon", resgatando a forma usada por Carson.
Aos 39 anos, criado numa das melhores escolas do humor, o "Saturday Night Live", Fallon comandava o próprio talk show, no horário da madrugada, desde 2009. Na sua estreia no horário nobre, recebeu o ator Will Smith e a banda U2.
Num dos momentos mais engraçados, ele disse: "Queria agradecer ao meu amigo que disse que eu nunca seria o apresentador do 'Tonight Show'. Você me deve US$ 100". Na sequência, várias celebridades apareceram no palco e deram uma nota de US$ 100 para Fallon, incluindo Robert de Niro, Rudolph Giulianni, Lindsay Lohan, Mariah Carey, Tina Fey, Sarah Jessica Parker, Mike Tyson, entre outros (veja as fotos acima).
A chegada de Fallon ao horário nobre promete injetar ainda mais criatividade a um gênero que os americanos não cansam de renovar, e os brasileiros, de imitar.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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