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Três atores já criticaram os rumos de seus personagens em “Amor à Vida”

Mauricio Stycer

11/01/2014 05h01

Na reta final de "Amor à Vida", parece crescer a sinceridade dos atores da novela, insatisfeitos com os rumos de seus personagens. O mais recente a reclamar foi Marcelo Antony. Em entrevista  ao UOL, publicada nesta quinta-feira (09), ele sugeriu, educadamente, que não entende direito o advogado Eron, além de criticar as "incoerências" do texto de Walcyr Carrasco. Veja:

"Acho que para se discutir os gays em uma novela no horário nobre, você tem que inserir os gays na sociedade. Eu abordaria outros temas. Por exemplo, eu inseriria a minha mãe achando ele muito fofo e vice versa. Eu vejo uma trama mais preocupada com a comédia, em vez de mostrar gays que têm família. Os personagens ainda são muito órfãos. Eu sofro para dizer aquele texto, porque é algo que eu nunca diria, mas eu sou apenas um veículo para expressar o que o autor escreve. Com todas suas coerências e incoerências."

Carrasco, naturalmente, não gostou da declaração de Antony e respondeu: "É óbvio que um ator diz textos que nunca diria, caso contrário só representaria a ele mesmo. A não ser quando o ator cria uma própria história na sua cabeça. Aí, o que ele acha incoerente é apenas a frustração de seus desejos".

No final de dezembro, quem reclamou foi o ator Rodrigo Andrade, que vive Daniel. Em entrevista a "O Globo", ele disse não ter compreendido direito por que Perséfone (Fabiana Karla) se separou do personagem: "Acho que ela se divorciou dele por um motivo muito pequeno. Daniel só era contra os regimes malucos que ela fazia, queria uma Perséfone saudável. Ele enfrentou muita coisa para ficar com ela e, no primeiro obstáculo, a Perséfone desistiu. Ele não merecia".

Andrade também estranhou a discussão sobre a depilação íntima de Perséfone, introduzida na novela por Carrasco. "Ela passou a novela inteira tentando perder a virgindade, encontrou um cara que gosta dela de verdade, abandonou ele e agora faz isso para mostrar para outro, acho estranho. A não ser que seja para deixar Daniel louco de ciúmes."

Ainda em dezembro, Ricardo Tozzi também manifestou dúvidas sobre o seu personagem na novela. "É a primeira novela que eu faço em que até hoje, já estou no capítulo 180, não sei exatamente quem é o Thales. Walcyr (Carrasco) tem essa característica. O suspense é para o público, mas também é para os atores. A qualquer bloco pode vir uma mudança e aquilo que você achava que estava fazendo, na verdade, ele te dá a volta e você está fazendo uma outra coisa", disse em entrevista  ao "Vídeo Show".

Quem será o próximo?

Atualizado em 13/1:
Não demorou muito para surgir a resposta a esta pergunta. Nesta segunda-feira, em entrevista ao UOL, Juliano Cazarré deu uma declaração que chega a ser engraçada sobre Ninho, o seu personagem na novela: "Continuo sem saber o que ele é. Ele é vilão, ele é mocinho? O Félix é vilão ou mocinho? Já não sei mais nada."

E Cazarré acrescentou, falando sobre as muitas mudanças no perfil do personagem (que eu apelidei de Ninho 7 Faces): "Recebia no desespero. Falava: 'Ai, meu Deus!'. O Ninho não era pobre e hippie? Agora está rico? Mas conversei com o Maurinho (Mauro Mendonça, diretor) e com o Walcyr e fui me adaptando. O personagem hoje em dia é muito diferente do que era no início da novela. Mas estou feliz de trazer um personagem novo aos 45 do segundo tempo".

Como ocorreu com as declarações de Antony, Carrasco também não gostou das críticas de Cazarré: "Bem, se ele matou uma mulher a tesouradas, ajuda a amante a roubar o dinheiro do marido e a beija na frente dele, que é cego, e ainda não sabe se é vilão, não tenho nada a comentar".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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