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Brasil do sorteio parece peça de propaganda da Embratur

Mauricio Stycer

06/12/2013 21h21

A imagem que o Brasil mostrou ao mundo durante o sorteio das chaves da Copa do Mundo de 2014 não difere muito dos clipes de propaganda que a Embratur usa para atrair turistas estrangeiros ao país.

Do texto oficial, lido por Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, ao discurso de improviso da presidente Dilma Rousseff, das atrações musicais às imagens exibidas no telão, a cerimônia se construiu a base de clichês. Um atrás do outro.

"Somos um povo alegre e acolhedor. Uma terra de oportunidades", disse a presidente. "Somos um povo gentil e hospitaleiro", disse Fernanda. "Somos um só", anunciou a Rede Globo, ao dar a partida na transmissão.

O nacionalismo exagerado não foi evitado na seleção musical, destinada a dar um panorama "típico". Teve a batida "Brasil Pandeiro", de Assis Valente, na voz de Alcione e Emicida (uma mistura ousada, pelo menos), "1 a 0", de Pixinguinha, com Vanessa da Mata e Alexandre Pires, e "We Are Carnaval", com Margareth Menezes e Olodum.

Ainda que milimetricamente roteirizada, a cerimônia não conseguiu evitar as gafes. A maior talvez tenha sido o "minuto de silêncio" em homenagem a Nelson Mandela, que durou 15 segundos.

A entrada em cena da mascote em tamanho natural, acompanhado de Marta e Bebeto, também foi um momento constrangedor. "Oi, Fuleco", disse Fernanda Lima, antes de Rodrigo Hilbert pedir: "Fuleco, dá uma dançadinha aí".

Pelé repetiu pela centésima vez a história do dia em que viu seu pai colado ao rádio chorando a derrota na Copa de 50. Depois fez o prognóstico: "Acho que o Brasil disputa a final".

A transmissão da Globo ocorreu sem maiores problemas, salvo o incontrolável Galvão Bueno, que em três ocasiões falou ao mesmo tempo que os narradores oficiais, atrapalhando a compreensão do espectador.

Ao custo de R$ 26 milhões, a cerimônia de sorteio teve o mérito de prestar homenagens a grandes craques do passado. A presença de Alcides Ghiggia, autor do gol que deu a Copa de 50 ao Uruguai, foi talvez o momento mais emocionante.

Este texto foi publicado originalmente no UOL Copa, aqui.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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