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“Além do Horizonte” merece crédito pela coragem de fugir do padrão

Mauricio Stycer

21/11/2013 05h01

Os autores, Marcos Bernstein e Carlos Gregório, nunca assinaram uma novela antes. Gustavo Fernandez é diretor-geral pela primeira vez. Os atores que interpretam os protagonistas (Juliana Paiva, Thiago Rodrigues, Vinícius Tardio, Christiana Ubach) são nomes pouco ou nada conhecidos. Os atores mais famosos são Alexandre Borges, Flavia Alessandra, Marcelo Novaes, Antonio Calloni e Carolina Ferraz.

Exibidos os primeiros 15 capítulos, ainda não é possível dizer sobre o que, exatamente, trata a novela. Três dos protagonistas estão empenhados em encontrar pessoas queridas que desapareceram ou fugiram (o pai de uma, a tia e o irmão de outro e a namorada do terceiro). Os sumidos hoje vivem em uma misteriosa comunidade, escondida no meio de uma floresta, onde se cultiva a felicidade.

A ação se desenrola em três grandes espaços – no Rio, na pequena Tapiré, no meio da selva amazônica, e na tal comunidade. O clima principal é de mistério. Sabemos que há histórias do passado a orientar alguns dos personagens, mas ainda não foi possível entender claramente quais são. Também não se compreende, ainda, por que tantos trocaram a vida na cidade grande pela aventura em nome da tal "felicidade" – a palavra mais falada na novela.

Há alguns fiapos de humor nas situações vividas pelos moradores de Tapiré, onde está, também, o único personagem nitidamente desenhado como vilão. Além de poucos risos, a novela também oferece pouco romance – o casal de protagonistas deu dois beijos até agora. Nestes primeiros 15 capítulos, muito pouco aconteceu, a rigor. Aparentemente sem preocupação em agarrar o espectador a qualquer preço, os autores estão apresentando com cuidado e em detalhes o mistério.

Parece claro, por tudo isto, que a Globo está fazendo uma aposta consciente na novidade. "Além do Horizonte" foge completamente ao figurino do que ficou conhecido como novela das 7. É um risco? É. Por isso mesmo, na minha opinião, merece aplausos. O fato de os índices de audiência estarem muito abaixo da média do horário não deve estar surpreendendo a ninguém que deu apoio a este projeto na emissora.

Devo dizer que estou assistindo "Além do Horizonte" com interesse. O mistério, até o momento, me capturou. Quero saber até onde a trama será capaz de ir. É uma novela diferente, esquisita, até, mas que merece um crédito de confiança pela coragem de fugir do padrão.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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