“Esporte Espetacular” age como espectador e ri da ação de massagista na Série D
Mauricio Stycer
09/09/2013 13h36
O lance pode até ser engraçado, mas antes disso revela um drama: um time foi eliminado de uma competição oficial por causa do gesto desleal de um funcionário da equipe rival. Veja aqui.
Entendo os risos do espectador ao ver a ação do massagista da Aparecidense, que impediu um gol decisivo do Tupi. Mas acho lamentável a gargalhada da jornalista Glenda Kozlowski ao descrever os acontecimentos no "Esporte Espetacular", na Globo, neste domingo (08).
Moré ainda observou: "Só para constar, na regra, o massagista não faz parte do jogo. Por isso, o resultado foi mantido." E Glenda acrescentou, ignorando os desdobramentos que o caso terá: "Olha a confusão… Mas tá na regra. Então tá classificado. Não tem muito jeito."
O leitor pode dizer que estou sendo ranzinza. Tudo bem. Ainda que aparentemente cômico, o caso é grave e merece tratamento sério de quem faz jornalismo esportivo. Tratá-lo aos risos, num programa com o alcance do "Esporte Espetacular", pode dar um sinal errado ao público. Pode ser visto como conivência com a malandragem, com a falta de ética e o vale tudo.
Registre-se que, à noite, no "Fantástico", Tadeu Schmidt não apenas condenou o gesto do massagista, como deu um recado a todos que riram da situação: "Isso não tem graça nenhuma. Imagina se todo mundo resolve entrar em campo e, como um rato, sim, como um rato, impedir o gol adversário. Já pensou? Acabou o futebol."
Em tempo: Veja a a reportagem do "Esporte Espetacular" aqui. A do "Fantástico" está aqui. Leia também: Massagista-goleiro é elogiado por jogadores e diz: "Pensei 'vou morrer"'.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.