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Apresentadores viram “âncoras” na cobertura de tragédia

Mauricio Stycer

27/01/2013 20h12

O incêndio na boate em Santa Maria, ocorrido na madrugada de domingo, obrigou alguns dos principais apresentadores da televisão a encarnarem um papel difícil, o de "âncora" de telejornal, fazendo entrevistas e conduzindo a cobertura da tragédia.

Ex-repórter, habituado à descrição de dramas policiais, José Luiz Datena foi quem mais se envolveu, e também quem mais errou. À frente da tela da Band, não hesitou em apontar culpados na tragédia, fez um paralelo absurdo com o nazismo e misturou informação com menções a Deus, numa salada completa.

O SBT não alterou a sua programação, mas tanto o "Domingo Legal", comandado por Celso Portiolli, quanto o programa de Eliana falaram bastante da tragédia. Portiolli saiu-se bem, mas Eliana, sem muito traquejo, abusou das caras e bocas e esticou, sem necessidade, depoimentos dramáticos.

Gugu Liberato, na Record, também alterou a rotina do seu programa para transmitir informações e depoimentos de Santa Maria. Parecia cuidadoso ao escolher as palavras, o que é sempre bom nestas horas, mas não deixou de falar bobagens no esforço de preencher o tempo. Vendo imagens da casa noturna, observou que era um lugar de bom gosto, que deveria ser "bem frequentada".

Último dos apresentadores a entrar em cena, Faustão contou com a vantagem de dispor de mais informação que seus colegas. O seu programa na Globo começou às 19h sem música e com a pauta quase inteiramente dedicada à tragédia. Numa de suas primeiras intervenções, o ex-repórter cometeu uma gafe, ao observar que o Rio Grande do Sul é "um Estado de outro nível de cultura e inteligência".

Ainda de manhã, na Globo, os apresentadores do "Esporte Espetacular", Glenda Koslowski e Ivan Moré,  se viram obrigados a improvisar por conta o incêndio em Santa Maria. Na pressa, Glenda disse que Santa Maria é a cidade natal da presidente Dilma (na verdade é Belo Horizonte). Já Regina Casé, uma vez que o seu "Esquenta" é gravado, escapou dessa.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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