Trama com as fotos de Nina expõe dificuldade do autor em esticar “Avenida Brasil”
Mauricio Stycer
18/09/2012 09h15
As famosas "provas" de Nina contra Carminha seguem rendendo história em "Avenida Brasil". Diariamente recebo e-mails ou mensagens no Twitter de espectadores indignados com o tratamento dado por João Emanuel Carneiro ao caso.
O argumento é sempre o mesmo: não faz sentido, em 2012, guardar fotos tão importantes como fez a mocinha da novela, deixando cópias com pessoas de sua confiança.
Seria muito mais seguro salvá-las em algum site na internet, criar um álbum numa rede social, enviar cópias por e-mail a quem quisesse… Qualquer coisa, menos imprimir e deixar envelopes na casa dos amigos.
Nina, moça moderna, bem informada, jamais faria a opção primária que fez. Não custa lembrar que, no início da novela, a personagem se aproximou da família de Tufão ficando amiga de Ivana em salas de bate-papo na internet.
É evidente que o autor sabe disso. Por que, então, foi por este caminho? Só vejo uma resposta: a necessidade de esticar a trama de "Avenida Brasil".
As fotos apareceram pela primeira vez no capítulo 103. Nesta terça-feira, capítulo 152, Valdo (foto acima) vai roubar as últimas cópias das fotos. Ou seja, a história ainda rende.
Mais do que dar um ar anacrônico e inverossímil à novela, as cópias em papel das fotos de Nina expõem claramente as dificuldades do autor em desenvolver a própria história. Precisando enrolar, ele optou por um caminho ruim, que acabou irritando o espectador e colocou a qualidade do seu texto em questão.
Fica aqui o registro que a audiência reagiu mal a este período da novela. Segundo a coluna Zapping, o Ibope médio em setembro, contando os primeiros 13 dias do mês, foi de 36,7 pontos, índice que só perde para março, quando "Avenida Brasil" estreou e marcou 33,9 pontos.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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