Um olhar delicado sobre o agitado ano de 1971
Mauricio Stycer
08/09/2012 09h01
Aproveito o sábado para uma dica de cinema: "Cara ou Coroa", de Ugo Giorgetti. O filme se passa em 1971 e conta, de um jeito muito carinhoso, histórias de pessoas comuns, afetadas pelo clima de repressão política, efervescência cultural e revolução de costumes que o Brasil vivia naquele momento.
Como em todos os filmes de Giorgetti ("Boleiros", "Sábado", "Festa", "O Príncipe"), o cenário é São Paulo. Outra marca do cineasta, admirável, é o elenco escolhido a dedo, nem sempre entre os rostos conhecidos da televisão, mas inevitavelmente perfeitos para os papéis.
Não custa repetir que "Cara ou Coroa" não é um filme violento, não mostra cenas de tortura ou repete clichês sobre a ditadura militar. Procura contar histórias de pequenos gestos, de gente que viveu e tentou entender aqueles dias. "São momentos tão incompreensíveis que parecem inventados", diz um personagem.
Fiz uma entrevista com Giorgetti, publicada esta semana no UOL. Ele explica muito bem o filme, a sua intenção e o seu olhar sobre aquele período. O cineasta também fala do mercado distribuidor, incapaz de encontrar espaço adequado para filmes adultos, como o dele. É um desabafo forte, que merece, na minha opinião, a sua atenção.
Veja aqui: "O público inteligente que resta não quer mais saber de cinema", diz cineasta Ugo Giorgetti.
Uma crítica ao filme pode ser lida aqui. Fotos de cenas podem ser vistas neste álbum. E abaixo, o trailer:
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.