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Bial, Fátima, Leifert... Por que há cada vez mais jornalistas no comando do entretenimento?

Mauricio Stycer

14/06/2012 06h01

No mesmo dia em que Fátima Bernardes recebeu a imprensa para falar sobre o programa que vai comandar, batizado com o seu nome, a Globo anunciou que Tiago Leifert será o apresentador de "The Voice Brasil", reality show destinado a revelar talentos musicais.

Eis um movimento que parece irreversível, o da transformação de jornalistas da televisão em comandantes de programas de entretenimento. Por mais que pareça natural, não é.

Um dos aspectos mais sensíveis desta mudança diz respeito à proibição, na Globo, de jornalista ser garoto-propaganda ou fazer merchandising. Por este motivo, noticiou a "Folha", Fátima está trocando de "patrão" dentro da emissora, deixando a Central Globo de Jornalismo para integrar a Central Globo de Produção.

A proibição de jornalista fazer publicidade é comum em diversas empresas. O garoto-propaganda é um ator, que fala bem de produtos que eventualmente nem conhece, usa ou gosta. Vendo um jornalista anunciar as qualidades de um produto de beleza, por exemplo, ou de um carro, o espectador pode ser levado a acreditar nele como se estivesse ouvindo a leitura de uma notícia.

Outro aspecto notável nesta mudança, que Boninho percebeu ao levar Pedro Bial para o "BBB", e que agora repete com Leifert no "The Voice", é a possibilidade de lustrar uma bobagem do naipe de um reality show com o prestígio do jornalista. E também de usufruir do desembaraço de um profissional do mundo da notícia em situações que exigem jogo de cintura e improviso.

Vale notar, ainda, que as fronteiras entre jornalismo e entretenimento estão cada vez mais borradas, e não apenas na televisão. Espanta cada vez menos ver um jornalista de renome mudar de rumo desta forma. No caso de Leifert, alguém poderá dizer que nem é uma mundança já que o seu "Globo Esporte" é quase um reality show.

Um movimento que ainda falta, ao menos na Globo, é o da migração inversa. Por exemplo, Luciano Huck apresentar o "Jornal Nacional" ou Xuxa ser repórter do "Esporte Espetacular". Pode ser legal.

Fotos: Divulgação/TV Globo

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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