Top 5 – A TV brasileira em diálogos memoráveis
Mauricio Stycer
05/06/2012 12h34
A programação da TV brasileira é tão democrática quanto irregular. Numa mesma noite de segunda-feira, zapeando de um canal para o outro, o espectador tem a oportunidade de ver de tudo um pouco. Selecionei cinco diálogos que dão uma ideia desta variedade.
1. "Avenida Brasil" é uma novela acima da média mesmo para os padrões da Globo. O texto de João Emanuel Carneiro tem o cuidado, até em cenas paralelas, de sempre
Jorginho: Se você me ajudar a descobrir quem é essa mulher, você vai me dar uma baita de uma força. E pode acabar levando essa graninha extra. Por favor, ajuda o amigo…
Kiki: Ai, que saco. Piranha devia nascer tudo sem coração. Assim sobrava mais espaço para botar silicone.
Ratinho: Cadê a calcinha que você ia mostrar?
Francine: Eu prometi…
3. Em sua quinta edição, o reality da Record é um prato cheio para quem gosta de ouvir bobagens na TV. Com elenco caprichado, "A Fazenda" tem oferecido momentos do mais
Vavá: Ele tá fazendo cocô.
Nicole: O cocô dele é igual ao meu quando como jabuticaba.Quando eu como jabuticaba, sai assim, de bolinha.
4. O "Superpop", na RedeTV!, anda meio perdido. Seus assuntos e personagens continuam os mesmos, mas o programa perdeu o humor. Nesta segunda-feira, Luciana Gimenez entrevistou longamente uma mulher que tem tara por um boneco inflável. Foi patético.
Maria Luiza: O Fábio já falou pro Julio pagar as minhas contas, mas ele não quer pagar…
Luciana Gimenez: Falou?
Maria Luiza: Falou.
Luciana: "Manda o boneco mandar as contas."
Maria Luiza: Mas o Julio não paga, né?
Luciana: O Julio só traça?
Maria Luiza: Só. E muito.
5. Já critiquei diversas vezes o programa de entrevistas de Roberto Justus na Record. Esta noite, talvez pela primeira vez, o apresentador fez uma entrevista de verdade. Pressionou o humorista Danilo Gentili com perguntas objetivas e produziu uma
Justus: O que me incomoda hoje, como homem que faz televisão, é ver que só tem sacanagem, o tempo todo só bobagem, só bunda…
Danilo Gentili: Se você pegar Freud, que escreveu sobre os chistes e o riso, Bergson, um filósofo que estudou o riso, é claro e óbvio: toda comédia tem um alvo. Simples assim. É uma definição de comédia: se é piada, tem um alvo.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.