Jornalistas ameaçam agredir repórter do “CQC” em Brasília
Mauricio Stycer
17/04/2012 11h26
Credenciado para acompanhar o encontro de Hillary Clinton com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o repórter do "CQC" Mauricio Meirelles provocou a fúria dos jornalistas ao final da entrevista, ao se levantar e oferecer uma máscara de Carnaval à secretária de Estado americano.
O encontro estava sendo transmitido ao vivo pela Globo News quando ocorreu o incidente. Meirelles já havia causado irritação ao gritar "I love you, Hillary" enquanto cinegrafistas registravam, dentro do Itamaraty, a chegada da secretária.
Hillary e Patriota, deixando o local, ouviram espantados parte da troca de ofensas entre a equipe do "CQC" e jornalistas que se sentiram prejudicados pela intervenção de Meirelles. Houve até quem gritasse: "Isto não é palhaçada! O que a imprensa do resto do mundo vai dizer do Brasil?"
Segundo o jornalista Sergio Leo, do "Valor Econômico", eu transcrevi de forma incorreta a frase. "Um fotógrafo reclamou com os caras, que atrapalharam todo mundo. Apoiei, e disse: 'Palhaçada, não somos figurantes do CQC'."
Em seu Twitter, Meirelles contou: "Um dos jornalistas me chamou pra porrada e ameaçou meu produtor. Foi onde tudo começou". Quem estava perto ouviu o repórter do "CQC" responder: "Vamos lá fora então".
Segundo Sergio Leo, a ameaça inicial de briga partiu do produtor Gustavo Noblat, do "CQC": "Quem queria briga era o produtor deles, aos palavrões", disse Leo.
Em comentário enviado ao blog, Noblat questiona a versão de Leo. "Em nenhum momento eu provoquei a confusão ou aceitei brigar", diz o produtor do "CQC". "Ele só está me acusando de ter iniciado a confusão porque eu disse na cara dele que ele havia criado um circo sem necessidade e que ele era um palhaço" (o texto do produtor está disponível na íntegra nos comentários).
Havia cerca de 100 jornalistas presentes na entrevista. Segundo o repórter Mauricio Savarese, do UOL, Claudia Bomtempo, da Rede Globo, disse aos colegas que fez "uma reclamação formal" contra Meirelles junto à assessoria do Itamaraty.
Savarese conta que Hillary não se incomodou com a oferta da máscara de Carnaval. "Alguém pega para mim", ela pediu, deixando o evento. Na sequência, Meirelles pegou um charuto e ofereceu à secretária de Estado. "Vingança ao Bill Clinton", gritou o repórter do "CQC", numa referência ao caso extraconjugal do então presidente americano com a estagiária Monica Levinsky.
No programa exibido na segunda-feira, o "CQC" exibiu uma intervenção de Mauricio Meirelles durante entrevista concedida por Pelé. O repórter interrompeu o evento para entregar uma camisa da seleção da Argentina ao ex-jogador.
O programa possivelmente deve fazer referência ao episódio ocorrido no Itamaraty na próxima segunda-feira.
Atualizado às 12h13 de 18 de abril. Atualizado novamente às 17h11 deste mesmo dia. Atualizado mais uma vez às 19h de 20 de abril. Sobre o assunto, leia também o comentário Confusão com "CQC" expõe conflito entre reportagem e humorismo.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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