Mais do que disputa, “Dança da Galera” parece ação de relações públicas da Globo
Mauricio Stycer
16/04/2012 14h57
Bem diferente da competição entre celebridades que anima os domingos, a nova atração parece destinada a enaltecer valores pouco comuns na televisão comercial brasileira.
Uma semana antes da estreia, ao anunciar o quadro, Faustão prometeu: "Você vai ver a mobilização, o espírito de união, para todas as classes, todas as idades".
Neste domingo, repetiu o discurso, enfatizando as palavras "mobilização", "união" e "todas as classes" em diferentes momentos da apresentação. "O Brasil mostra a sua cara aqui", disse.
Como ele próprio explicou, a ideia da "Dança da Galera" é atrair cidades de até 100 mil habitantes "que são mobilizadas pela grande equipe do 'Domingão' a apresentar uma dança com 800, mil, duas mil pessoas".
Além de escolher as cidades, a Globo fornece todo o aparato necessário para a realização da coreografia, o que inclui os figurinos (9 mil metros de tecido no caso de Aracati, que participou da estreia), os coreógrafos, as equipes técnicas, helicópteros para filmar as coreografias do alto, e estrelas da emissora (Daniele Suzuki e Joaquim Lopes) nos locais para ajudar na "mobilização".
Competição? Entretenimento? "Dança da Galera" se mostrou, sem muita sutileza, um esforço de relações públicas da Globo. Só faltou Faustão dizer: "Estamos juntos, galera!"
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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