Autores da Record reclamam da longa duração de suas novelas
Mauricio Stycer
10/04/2012 06h01
É sintomático que, ao fazer um balanço de seu trabalho, a primeira coisa que Cristianne Fridman quis registrar foi uma reclamação quanto à duração da trama: "Gostaria que a novela tivesse um número menor de capítulos porque não é fácil conduzir uma trama por 243 capítulos. No entanto, o saldo foi positivo, principalmente pelo retorno do público para com o elenco".
O autor de "Ribeirão do Tempo", novela que antecedeu "Vidas em Jogos", também reclamou de problema semelhante, em entrevista ao UOL Televisão: "Foi a maior novela que já escrevi em termos de capítulos no ar. São 250 no ar e 215 escritos. É que tem capítulos menores e as tramas vão passando de um dia para o outro. A Record tem dessas coisas", lamentou então Marcilio Moraes (foto).
Lauro Cesar Muniz, que estreia "Máscaras" nesta terça-feira, já sabe que vai sofrer: "Duzentos e tantos capítulos. A intenção é atravessar o ano e passar o bastão para a próxima novela em janeiro ou fevereiro…", contou em entrevista ao programa "UOL Vê TV".
Perguntei: "Dá para fazer novelas com mais de 200 capítulos?" E ele: "Acho que não dá. É um milagre que a gente faz… Não apenas na Record, porque na Record é mais fácil fazer milagre, mas também na Globo."
Disse Lauro: "A Globo tem condições de baixar o número de capítulos e sinto que já está baixando. Baixar o número de capítulos é fundamental para melhorar a qualidade das telenovelas. Baixar radicalmente, para 140 capítulos no máximo. Com menos personagens, uma linha central mais definida. Não tem sentido, nos dias de hoje, você ficar com uma novela esticada um ano e fumaça". Veja aqui:
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"O caminho é mesmo encurtar a telenovela. A Record só vai conseguir fazer quando atingir a sua plena maturidade", disse o autor de "Máscaras". Respondendo a um internauta, o autor observou que a Record considera hoje alcançar o "ponto de equilíbrio financeiro" de suas novelas de 200 capítulos no capítulo 100. "É possível reduzir este ponto de equilíbrio para o capítulo 60 fazendo novelas de 120 capítulos", diz. "É tudo proporcional: menos personagens, menos cenários, menos locações, menos diretores…"
Recomendo, para quem não assistiu, a entrevista que fiz com o autor no último dia 21 de março:
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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Sobre o blog
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