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“CQC” volta a apelar a Jair Bolsonaro, mas corta declaração polêmica sobre Herzog

Mauricio Stycer

27/03/2012 12h11

Dos 81 senadores e 513 deputados que formam o atual Congresso brasileiro, poucos têm merecido tanto espaço e destaque no "CQC" quanto Jair Bolsonaro. Famoso por suas notórias posições conservadoras, com traços de homofobia e de nostalgia explícita da ditadura militar, o deputado é garantia de polêmica, logo, de audiência.

Em 2011, Bolsonaro deu duas entrevistas ao semanal da Band. Na falta de uma atração melhor para alavancar o Ibope da atração, voltou ao ar no terceiro programa de 2012. Desta vez, participou do quadro "Sem Saída", no qual o entrevistado se submete a ser monitorado por um polígrafo (o chamado "teste da verdade") enquanto fala.

Em uma das respostas, o deputado fez menção ao jornalista Vladimir Herzog, cuja morte dentro de uma prisão da ditadura, em 1975, foi encenada de forma a parecer um suicídio. Este blogueiro teve informações de que o comentário de Bolsonaro sobre o caso, no entanto, não foi ao ar. Ainda que tenha a intenção de produzir polêmica custe o que custar,  o programa avaliou que a declaração do deputado ultrapassou os limites.

O "ilustre e polêmico" Bolsonaro, nas palavras do apresentador Marcelo Tas, foi questionado sobre depilação, ditadura de 64, Hitler, Dilma, corrupção, FHC, racismo, homossexuais etc. Entre outras questões relevantes, Rafael Cortez perguntou: "Você já teve sonho erótico com macho?"

"Querendo ou não, Tas, você tem um pouco de mim dentro de você", disse Bolsonaro ao lembrar que o apresentador do "CQC" cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, da FAB.

Foi a deixa para Tas criticar o deputado: "Não é por isso que tenho alguma coisa a ver com você. O tipo de militar que convivi na época e convivo até hoje não bate em mulher, não é gente que tem vergonha de ter vizinho gay, não é gente que fala que na ditadura a gente tinha liberdade. Eu convivo com outro tipo de militar, que não é tão bobinho como você".

Incrível a paixão do "CQC" por este "bobinho". Em 2011, na primeira das duas entrevistas que deu ao programa, Bolsonaro foi questionado pela cantora Preta Gil sobre qual seria a sua reação se um filho seu namorasse uma mulher negra. "Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu", respondeu.

Em qual quadro do "CQC" Bolsonaro ainda não apareceu? Vamos aguardar…

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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