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Falha técnica deixa em segundo plano golaço do “Fantástico”

Mauricio Stycer

19/03/2012 16h07

"O 'Fantástico' mostra agora o mundo da propina, da fraude, da corrupção de um jeito como você nunca viu", diz o repórter Andre Luiz Azevedo ao apresentar a reportagem de 22 minutos exibida neste domingo. A frase é engraçada, pelo seu tom publicitário, mas de fato a revista dominical da Globo marcou um golaço com o trabalho.

Por dois meses, o repórter Eduardo Faustini ocupou o lugar do gestor de compras do Hospital de Pediatria da UFRJ. Neste período, encenou licitações variadas para compras de equipamentos e serviços, filmando todas as conversas e negociações com câmeras escondidas.

A reportagem só foi possível porque a direção do hospital concordou que a instituição fosse usada como "cenário" para Faustini simular os negócios. Todas as ofertas de propina, manipulação de resultados e fraudes propostas exibidos diziam respeito a negócios falsos, inventados pelo repórter.

Exibiu-se, porém, o "modus operandi" de fornecedores de bens e serviços a órgãos públicos, o que pode ajudar a polícia a investigar crimes semelhantes. A naturalidade com que empresários e seus representantes oferecem "comissão", a forma como são feitos os "acertos", as manhas para driblar a lei, enfim, Faustini e Azevedo apresentaram uma verdadeira aula de corrupção ao público.

A reportagem recorreu a dois artifícios de uso polêmico no jornalismo: a câmera escondida e a simulação de uma situação. Acho que se faz uso exagerado de ambos no jornalismo da televisão, inclusive no "Fantástico". Mas, no caso em questão, pelo resultado alcançado, me pareceu altamente justificado.

Para azar do "Fantástico", porém, a repercussão da reportagem ficou em segundo plano diante da falha técnica  ocorrida ao final do programa. Zeca Camargo foi deixado falando sozinho, sem que o público o ouvisse, enquanto apareciam os créditos de encerramento. Foi o assunto desta segunda-feira.

Atualizado às 20h40: Registro com satisfação que, ao longo do dia, a reportagem de Faustini e Azevedo provocou reações importantes e está ganhando a merecida repercussão.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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