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Tiago Leifert não entendeu a lição de Barcos

Mauricio Stycer

17/02/2012 13h48

A esta altura, todo mundo já sabe que o atacante argentino Hernán Barcos chamou um repórter da Globo de "boludo" (babaca) diante de outros repórteres após ser confrontado com fotos de Zé Ramalho e bombardeado com perguntas sobre suas semelhanças com o cantor.

Editor-chefe e apresentador do "Globo Esporte", Tiago Leifert resumiu assim o episódio no programa desta sexta-feira: "Lição aprendida: o Barcos não gosta de apelidos. Não chame o Barcos de Zé Ramalho no trânsito que vai dar problema sério".

Um pouco mais cedo, durante o "SPTV", ele disse: "Foi um grande auê, mas não aconteceu absolutamente nada". E, na véspera, no Twitter, escreveu: "Eu não levo nem nunca vou levar esporte a sério. Quem leva (tipo alguns babacas na minha TL) não entende o que é esporte."

As três observações são chocantes. Não creio que Leifert realmente pense assim. Significaria dizer que ele não entendeu nada – nem a lição, nem o que ocorreu e, muito menos, o que significa o esporte hoje.

Barcos é um jogador de futebol profissional, cujos direitos econômicos (70% deles) foram adquiridos pelo Palmeiras por cerca de R$ 7 milhões. Dar entrevista depois de treino ou jogo faz parte do trabalho dele.

Sua reação a uma situação de constrangimento público merece elogios, na minha opinião. Como se fosse um pai tentando educar o filho, Barcos procurou dizer que nem tudo é motivo para brincadeira, que certas coisas não são ditas em público, que não se deve brincar com quem não se conhece etc.

Leifert tem todo o direito de transformar o programa jornalístico que apresenta num show de humor e diversão, mas não fica bem tentar convencer todo mundo de que esta é a única forma de enxergar o esporte e o jornalismo.

Esporte é sinônimo de paixão, mas também de negócio bilionário. Nem todo jogador acha legal comemorar gol imitando João Sorrisão. Nem todo torcedor é bobo. E isso não tem nada a ver com bom ou mau humor, com gostar ou não de piadas.

Leia mais: Barcos se irrita com apelidos e chama repórter da Globo de babaca e
Comentarista do SporTV desaprova brincadeira com Barcos.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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