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Haja “DR”!: “A Vida da Gente” e a arte de “discutir relação”

Mauricio Stycer

15/02/2012 10h37

Brinquei no Twitter na terça-feira que "A Vida da Gente" deveria ser patrocinada por alguma organização de psicanalistas ou uma faculdade de psicologia. "Haja DR!", escrevi.

Desde o início, diariamente, em todo capítulo, diferentes personagens discutem suas relações em conversas cara a cara. É uma novela com pouquíssima ação, mas intensamente falada.

Diferentes personagens da trama já recorreram a terapeutas e o texto de Licia Manzo com frequência utiliza termos típicos das conversas em divã.

Nesta terça-feira, foi ao ar a mais importante "DR" de "A Vida da Gente": a discussão da relação entre Manu e Ana, as irmãs protagonistas da trama. Publiquei o texto abaixo no UOL Televisão.

Na mais esperada 'DR' em 'A Vida da Gente', Manu mostra que a irmã não pode se casar

Não foi a última, mas possivelmente era mais esperada "DR" (discussão de relação") de "A Vida da Gente". Numa cena de oito minutos, as irmãs Ana (Fernanda Vasconcelos) e Manuela (Marjorie Estiano) tentaram colocar em pratos limpos uma divergência essencial da trama: o amor de ambas pelo meio-irmão Rodrigo (Rafael Cardoso).

Até o final da novela, em 2 de março, as duas irmãs ainda devem voltar a se encontrar no esforço de colocar em pratos limpos o impasse que provocou mais discussões entre o público que acompanha a trama.

Ana amava Rodrigo, engravidou dele, mas entrou em coma e ficou anos em estado vegetativo. Neste meio tempo, Julia nasceu, Manu se apaixonou por Rodrigo e os dois criaram a menina. Ana voltou do coma e, junto, reviveu seu amor por Rodrigo. Julia ficou com duas mães. Manu se separou e Ana, culpada, rejeitou o amado.

Na esperada DR das duas irmãs, Manu saiu-se melhor. Conseguiu demonstrar que a irmã ainda ama Rodrigo, apesar de estar às vésperas de se casar com Lucio (Thiago Lacerda). Ana deixou a casa da irmã desorientada com o encontro.

Foi uma ótima cena, numa novela que prima por um texto de muita qualidade. Licia Manzo, a autora, frequentemente recorre a termos sofisticados nos diálogos que escreve, incluindo reflexões de caráter psicológico, e raramente recorre a clichês. "De boas intenções o inferno está cheio", disse Manu a certa altura, numa exceção que confirma a regra. Aguardemos a próxima DR entre as irmãs.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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