Zeca Camargo vê excesso de críticos de TV em busca de audiência na internet
Mauricio Stycer
10/01/2012 12h16
Por este motivo, o texto de Zeca já merece leitura. Vou aqui tentar resumir dois de seus principais argumentos. Primeiro, ele nota que há um excesso de gente se ocupando de escrever sobre TV e associa este fenômeno à facilidade oferecida pela internet. Numa homenagem a Paulo Francis, que tripudiava do grande número de críticos de cinema da "Folha" nos anos 80, o apresentador do "Fantástico" brinca e diz que há hoje em atividade "786 críticos de TV".
Em outras palavras, Zeca lamenta que os críticos, em sua maioria, preferem falar dos programas ruins porque eles atraem mais leitores para os seus textos. "BBB 12" e "Dercy de Verdade" estreiam nesta terça-feira, lembra o jornalista. "Qual dos dois programas você acha que vai ser mais 'analisado' pelos 'críticos de plantão'?", pergunta.
Eu acrescentaria duas questões para uma futura reflexão de Zeca. Primeiro, acho que seria interessante pensar mais profundamente sobre o lugar da internet, na comparação com o jornal, na promoção e no debate hoje sobre o entretenimento e a cultura popular.
Ainda em menor escala, mas como a televisão, e diferentemente do jornal, a internet tem um alcance de "comunicação de massa" – e isso faz toda a diferença na análise que se pretenda fazer sobre o meio.
O "BBB12" merecer mais "análises" (as aspas são do Zeca) do que "Dercy" (acima) não é o maior problema, na minha opinião. O problema é a falta de coragem, ousadia e inventividade que domina a maior parte das cabeças no comando da televisão. O simples fato de o reality show estar programado para ir ao ar às 22h15 e a minissérie às 23h20 exemplifica isso.
Haveria espaço para "786 críticos de TV" se a programação fosse melhor?
Em tempo: Leia o texto de Zeca Camargo aqui.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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