Com a "ex-cachorra" Sarah Sheeva, Amaury Jr. volta a dar aula de entrevista na TV
Mauricio Stycer
07/12/2011 10h44
Em 2002, ouvindo um apelo divino, passou a trabalhar como missionária evangélica num certo "culto das princesas", no qual ensina "as mulheres de Cristo" a atrair "homens virtuosos".
Foi esta Sarah Sheeva que abriu seu coração na noite de terça-feira para Amaury Jr. e Maria Cândida, na RedeTV. Desde a entrevista com Bebel Gilberto não se via nada parecido na televisão.
"O seu histórico era de ninfomaníaca", começou Maria Cândida. "É", reconheceu Sarah. "Hoje meu vício é água. Eu era doente, eu era cachorra, eu era tudo errado". Vestida com o recato de uma executiva, explica: "Fui consagrada pastora-estagiária". E mais: "Não foi padre, não foi pai-de-santo, não foi rabino que fez a minha cabeça".
Sarah Sheeva conta que está há dez anos sem sexo. E Amaury, com aquela cara que mistura incredulidade com real admiração, observa: "Mas isso está provado que faz mal pra saúde." A abstinência da pastora inclui até beijo. "Estou há nove anos sem beijar e estou muito bem".
A única recaída, ela conta, deu-se em pensamento, ao ver o filme "Thor". Ficou encantada pelo mito nórdico – ou pelo ator que o interpretou no cinema.
A conversa evolui para o excesso de exposição das mulheres na mídia e Amaury, gentil como sempre, finge concordar com Sheeva: "Estou cheio de ver mulher pelada". Em outro momento, tentando dar um pouco de corda para a pastora, ele faz a melhor pergunta da noite: "Quando você estava na sua fase ninfomaníaca, o que significava isso pra você?"
"Eu sou ex-cachorra com certeza", ela diz. E os pais? O que Pepeu e Baby pensam deste espetáculo de fé? "Mamãe está seguindo a mesma fé, mamãe é pastora, é um barato. E o papai é simpatizante", ela conta.
A conversa poderia ir bem mais longe, mas Amaury, sensato, achou melhor encerrar. Há algo no seu jeito de entrevistar, na sua conversa aparentemente despretensiosa, que amolece os seus entrevistados e os expõe sem que ele faça qualquer esforço. Danilo Gentili, que mira muito em Jô Soares, deveria olhar um pouco para Amaury.
Em tempo: Mais trechos da entrevistas podem ser lidos neste texto do UOL Televisão.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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