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Globo tenta humanizar jornalismo e transforma troca no JN em "novelinha" piegas de 15 minutos

Mauricio Stycer

05/12/2011 21h28

Jornalista, por definição, não é notícia. Exceções costumam ser vistas em casos de premiações ou no registro de dramas pessoais, como acidentes de trabalho, sequestros e mortes.

Mudança de apresentador de telejornal não se enquadra em nenhuma destas categorias, mas ganhou, em 2011, status de notícia importante nos noticiários da Globo. A razão parece ser o esforço de "humanização" do jornalismo da emissora, em busca de uma aproximação maior com o público.

É justo que o espectador seja informado de uma mudança como a que envolve Fátima Bernardes. Depois de 14 anos no cargo de apresentadora do "Jornal Nacional", entendo que seja aceitável dar uma satisfação ao público. Mas acho estranha a transformação destas "cerimônias do adeus" em verdadeiras "novelinhas", longas e derramadas.

Assim como fez numa "dança das cadeiras" ocorrida em setembro, envolvendo Chico Pinheiro, Renato Machado e Cesar Tralli, que mudaram de posições no "Bom Dia Brasil" e no "SP TV", a troca de Fátima por Patrícia Poeta e desta por Renata Ceribelli no "Fantástico" está sendo apresentada em capítulos.

"Hoje, o Jornal Nacional virou notícia", disse Fátima na quinta-feira, 1º de dezembro,  a certa altura da reportagem de 4,5 minutos que anunciou as trocas. No sábado, no encerramento do telejornal, William Bonner e Fátima voltaram a fazer propaganda do assunto. "A gente lembra que vamos ter uma edição especial na segunda-feira. Este momento especial na história do 'Jornal Nacional'", prometeu a apresentadora.

No domingo, no final do "Fantástico", teve início a despedida de Patrícia. Tadeu Schmidt derramou-se em elogios à apresentadora e disse que sentirá falta dela. Patrícia informou que ainda voltará ao programa para o ritual de troca de lugar com Ceribelli.

Nesta segunda, o capítulo da novela foi mais longo e ocupou um bloco inteiro, de 15 minutos,  do JN. Bonner e Fátima receberam Patrícia na bancada e deram a ela o lugar reservado aos entrevistados ilustres. O apresentador leu um texto piegas sobre a trajetória de Patrícia na Globo, depois Fátima a entrevistou com o jargão clássico de repórter esportivo, perguntando sobre a sua "expectativa" na nova função.

Em seguida, Fátima mereceu um vídeo, narrado igualmente em tom dramático por Bonner, com um resumo de seus 24 anos na Globo. Na despedia, a jornalista falou que o JN é "o telejornal da família brasileira". Deu as mãos a Patrícia e disse: "É um orgulho passar esse microfone para você."

A novela continua nos próximos dias.

Em tempo: Leia mais sobre as mudanças no JN aqui, no UOL Televisao.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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