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Globo reconhece erros em documentário sobre Roberto Marinho

Mauricio Stycer

04/09/2011 12h04

Com direção geral de Rozane Braga, a produtora FBL acaba de lançar, em formato de DVD, o documentário "Roberto Marinho – O senhor do seu tempo".

A pedido da "Folha", fiz uma resenha, publicada neste domingo na "Ilustrada" (disponível para assinantes do UOL e do jornal). Observei que o filme não apresenta novidades significativas sobre o personagem, mas reforça um movimento recente das Organizações Globo de discutir em público alguns dos "pecados" que celebrizaram os veículos do grupo.

O documentário tem o mérito de tratar francamente de assuntos espinhosos para a Globo, como o governismo explícito da emissora por décadas, o escândalo Proconsult, em 1982, a omissão na cobertura da campanha das Diretas, em 1984, e a edição do debate entre Collor e Lula, em 1989.

Ainda assim, trata destes problemas unicamente pela ótica dos filhos de Roberto Marinho e de funcionários e assessores do grupo. Observo, ainda, no texto que o documentário apresenta a trajetória do empresário de forma didática, mas pouco imaginativa e sem profundidade.

Por limitações de espaço deixei de fora do texto observações sobre duas imprecisões que vi no documentário. A primeira ocorre ao tratar do famoso acordo com o grupo Time-Life, que injetou cerca de US$ 6 milhões na nascente TV Globo. O caso foi objeto de uma barulhenta CPI no Congresso e, depois, de uma avaliação do governo militar, que terminou por avalizar o acordo.

Roberto Irineu Marinho diz que a Globo foi "condenada" no caso e, em função disso, decidiu comprar a parte do grupo americano. Os principais relatos sobre o caso, inclusive de Joe Wallach, que acaba de publicar um livro, indicam que foi o Time-Life que perdeu o interesse no negócio em função dos seguidos prejuízos acumulados nos primeiros seis anos de vida da emissora.

Outro ponto discutível é a afirmação de Boni de que Roberto Marinho concebeu a TV Globo, inicialmente, como "uma cópia em vídeo do jornal 'O Globo', uma emissora de informação". Basta ver a programação dos primeiros anos da TV, que incluía humor popular, novelas e programas sensacionalistas, para constatar que esta tese não se sustenta.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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