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Candidata desiste de reality show da Record por causa da sua religião

Mauricio Stycer

15/08/2011 11h42

Comandado pela ex-modelo Ana Hickmann, o programa "Tudo É Possível" estreou um reality show neste domingo cuja maior novidade anunciada pela Record era o fato de se passar dentro da casa da própria apresentadora.

As dez mulheres confinadas numa mansão de Hickmann em Itu vão disputar uma série de provas com o objetivo de escolher uma delas para ser repórter do programa.

A novidade do quadro acabou sendo outra. Uma das candidatas selecionadas, Wasthí de Castro, de 25 anos, foi levada a desistir depois de dois dias de confinamento. Adventista do Sétimo Dia, ela se disse impedida de participar de uma festa na sexta-feira à noite e de competir numa prova realizada no sábado.

"Eu guardo o sábado", explicou.  "Sexta à noite eu considero sábado já. Faço atividades diferentes. E festa não é o tipo de atividade que eu faço nesse dia", explicou.

"Respeito totalmente a sua fé", disse a apresentadora. "Mas aqui no reality fica um pouco complicada esta situação. Quando você topou participar já sabia que aqui vocês iam literalmente sair da rotina. Você sabia disso?"

Chorando, Wasthi respondeu: "As informações eram poucas. Eu não podia correr o risco de deixar de tentar…" Antes, ao ser apresentada ao público, ela havia dito: "Eu sou capaz de fazer tudo menos passar por cima dos meus princípios, que são mais fortes do que qualquer outra coisa." Ana abraçou a candidata, disse que aceitava a desistência e elogiou as suas convicções.

Trata-se, enfim, de um caso inédito e delicado, ainda mais por ocorrer numa emissora que pertence a um grupo religioso, a Igreja Universal do Reino de Deus, cujos pastores ocupam o horário da madrugada para fazer proselitismo da própria fé.

Atualizado às 12h15: O canal pago Fox está exibindo um reality semelhante, "The Glee Project", destinado a escolher um ator/cantor para participar do bem-sucedido seriado. No último episódio apresentado no Brasil, neste domingo, um dos candidatos, o cantor Cameron Mitchell, desistiu do programa depois de se recusar a beijar uma candidata numa prova. Ele teve medo que o gesto fosse visto como traição a sua namorada. O candidato argumentou que esta e outras provas afrontavam suas convicções pessoais e religiosas. Exibido há duas semanas no EUA, o episódio da eliminação de Cameron provocou surpresa e muita discussão nos meios que acompanham a TV americana. Agradeço a leitora Fernanda Senda pela dica.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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