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Em restaurante de outro século, mulher ganha cardápio sem preço

Mauricio Stycer

08/06/2011 15h08

Guias de viagem e jornais do mundo inteiro recomendam almoçar ou jantar na trattoria Da Gemma, a mais antiga de Amalfi, em funcionamento desde 1872. Não é considerado o melhor, mas um dos poucos bons restaurantes nesta adorável cidade da Costa Amalfitana, na Itália.

O seu menu apresenta as especialidades locais, em especial peixes e frutos do mar, mas de forma refinada, em porções pequenas e saborosas. O ambiente é claro, arrumado, silencioso, nada que lembre um dos inúmeros restaurantes para turista que abundam na região.

É um restaurante fino, em resumo, onde uma refeição com sobremesa e uma taça de vinho não sai por menos de 50 euros (cerca de R$ 130).

O que mais me surpreendeu no Da Gemma foi descobrir que o restaurante dispõe de dois tipos de cardápio: um com preços e outro sem. O primeiro é entregue aos homens e o outro às mulheres.

Perguntei a razão ao garçom e ele, educadíssimo, explicou em italiano: "Os homens normalmente pagam a conta". Como manifestei estranheza, ele prosseguiu: "Uma galanteria". Uma gentileza, uma cortesia, quis dizer, acho.

E antes que eu fizesse a pergunta que estava na ponta da minha língua, ele se antecipou: "Quando são duas mulheres, entregamos cardápios com preços para as duas. Não sabemos quem vai pagar a conta".

Nos Estados Unidos, é provável, um restaurante desses enfrentaria passeatas pedindo o seu fechamento. No Brasil, imagino, haveria protestos, mas também algum apoio.

Machismo? Não achei. Anacronismo? Sim. Mas não me incomodou. Com a palavra, as mulheres.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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