Mudanças no time de comentaristas da Globo
Mauricio Stycer
12/04/2011 21h20
Republico abaixo o texto que foi ao ar nesta terça-feira no UOL Esporte sobre a saída de Falcão da equipe de comentaristas da Globo.
Sai Falcão, entra Caio, não muda nada; quem manda é o Galvão Bueno
1. Em jogo narrado por Galvão Bueno, só ele pode chamar a atenção.
2. Evite dar opiniões firmes, seguras ou categóricas.
Com a saída de Falcão, para dirigir o Internacional, tudo indica que o posto de comentarista número um da emissora deve ser ocupado pelo ex-jogador Caio.
Falcão firmou-se como comentarista principal da Globo pelo seu talento em falar pouco, repetir os mesmos três conceitos sobre futebol, sempre constatar o óbvio e, em 99% das situações, concordar com Galvão.
Caio segue pelo mesmo caminho. Ainda que mais despojado e menos formal que Falcão, é outro gênio na arte de pouco acrescentar a quem está assistindo uma partida pela televisão.
Concorde-se ou não com Casagrande, o ex-jogador é um dos raros comentaristas da emissora que não respeita integralmente as regras da cartilha global. Tem opiniões contundentes sobre qualquer assunto e, diferentemente de seus colegas Caio e Falcão, não se constrange de criticar jogadores.
Alguém poderá lembrar que Arnaldo Cesar Coelho costuma divergir de Galvão. Não é bem assim. As "brigas" do comentarista de arbitragem com o narrador são, na verdade, momentos de humor, no qual Coelho funciona como "escada" para o show de Galvão.
Cercado por Caio e Arnaldo Cesar Coelho, Galvão fica à vontade para continuar fazendo o que mais gosta: narrar, comentar e dirigir a transmissão das partidas de futebol – sozinho, sem ninguém para "atrapalhar".
Essa equipe foi testada no amistoso entre Brasil e França, em fevereiro. A patriotada tradicional de Galvão contou com o apoio incondicional de seus dois escudeiros. Arnaldo insistiu em chamar de "imprudência" o golpe de caratê de Hernanes em Benzema, pelo qual mereceu cartão vermelho, e Caio economizou ao máximo os adjetivos para tratar da atuação pífia da seleção, derrotada por 1 a 0, gol de Benzema.
Moral da história: Falcão pode até ser mais polido que Caio e Casagrande e, eventualmente, até entender mais profundamente de futebol que seus colegas, mas com Galvão Bueno em campo o time atua sempre da mesma maneira.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.