Silvio Santos adora brincar que é de Marte
Mauricio Stycer
11/04/2011 11h34
É uma oportunidade para ele desempenhar um papel que o diverte muito – o de extraterrestre, recém-desembarcado no planeta, sem conhecimento de nada. "Você ficou famosa no ambiente artístico do Brasil com que música?", pergunta à roqueira Pitty, uma das premiadas da noite. "Você é crooner ou faz show?", insiste, tentando demonstrar que não faz ideia de quem está no palco. "É solteira ou casada?"
O ritual se repete com todos os músicos que sobem ao palco – de Zeca Pagodinho a Tulio Dek, passando pelos forrozeiros do Calcinha Preta. As perguntas que o apresentador lança no ar sugerem que ele desconhece completamente a trajetória dos artistas. Mesmo diante de gente de TV, como Marcelo Tas e Patricia Pillar, Silvio dá sinais de que sabe pouco ou nada da biografia de seus convidados.
"É a Silvinha que cuida do meu Twitter", diz a atriz-mirim Maísa em conversa com o patrão. "Quem é Silvinha?", pergunta Silvio. "Sua filha", diz a menina.
Em raros momentos, o apresentador mostra que não está alheio ao que se passa no seu quintal. Ao conversar com Marília Gabriela, que comanda três programas de entrevista (um no SBT, um na Cultura e outro no GNT), Silvio cutucou: "Marília Gabriela está trabalhando até na estação rodoviária."
Também declarou-se feliz por um ator da Record (Bruno Ferrari, de "Bela, a Feia") ganhar o prêmio, e não um da Globo, como ocorre sempre. E falou da dificuldade que é, para o SBT, fazer novelas.
Aos 80 anos, além de rir dos seus convidados, Silvio mostrou que continua sabendo rir de si mesmo, uma qualidade e tanto. "Nossa Senhora da Plástica me ajuda", disse a certa altura.
Silvio Santos gosta de brincar que é de Marte. Para sua sorte, o público, que é de Vênus, adora.
*Atualizado às 13h30.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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