Série de erros ao vivo produz comédia pastelão no BBB
Mauricio Stycer
14/01/2011 08h00
O primeiro problema foi de ordem mecânica. Divididos em dois grupos, os confinados deveriam atravessar uma área pendurados numa garrafa gigante, da marca do refrigerante que patrocinava a ação. O líder da semana seria aquele que atravessasse por último do grupo vencedor.
Bial deu esta informação segundos antes do início da prova, de maneira a surpreender os participantes. Mal ela teve inicio, porém, uma das engenhocas quebrou, obrigando o apresentador a interromper a ação e mandar os 17 participantes de volta para a casa.
Provavelmente orientado pelo ponto eletrônico que mantém no ouvido, Bial convocou um intervalo comercial, mas algum outro problema impediu que seu pedido fosse obedecido.
Com franqueza, e invejável jogo de cintura, Bial observou então que estava perdido, sem saber o que falar ou fazer enquanto os técnicos tentavam corrigir a traquitana. Foi ajudado por Diogo, o coreógrafo baiano gago, que compôs uma música em sua homenagem.
A obra de arte diz: "Ih, é o paredão!!! Bial falou um bocado e acelera o coração". O apresentador ficou nitidamente emocionado, como qualquer um ficaria ao ouvir uma canção destas. Infelizmente, porém, ainda precisava encher linguiça. Foi obrigado, então, a convocar o barman paulistano Igor, também autor musical, para mostrar o incrível rap que compôs sobre o programa. "BBB é coisa séria, não é colônia de férias".
Foi tão engraçado, involuntariamente engraçado, digo, que cheguei a pensar se tudo não havia sido combinado previamente – o erro na prova, o recolhimento dos confinados, o momento de sinceridade de Bial e o show musical de Igor e Diogo…
A estudante Paula, maldosamente apelidada pelos colegas de Jabulani, por seu porte físico roliço, não conseguia se agarrar à garrafa gigante de refrigerante. Ela pulava, tentava abraçar o objeto, mas despencava. Só na quinta ou sexta tentativa, depois de levar espectadores ao choro, de tanto rir com suas quedas cinematográficas, Paula conseguiu.
Ao menos, o esforço foi recompensado. Seu grupo saiu vencedor na prova. Cristiano, o último a atravessar, virou líder e Paula foi imunizada, junto com outros colegas.
O diretor Boninho, com seu humor peculiar, correu ao Twitter para festejar a noitada histórica: "Que dia! No fim cortei umas cabeças além do meu pulso!!! Rsrsrs Amanhã bem cedo vou pro muai thay descarregar!!!!".
Melhor do que "cortar o pulso", seria o diretor ter algum material gravado para usar nestes momentos de apuro. Ou pensar em provas menos mirabolantes e humilhantes.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.