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Nos 25 anos da estreia de "Friends", 15 fatos que talvez você desconheça

Mauricio Stycer

19/09/2019 05h01

O sexteto de "Friends" nos primórdios da série: Matt LeBlanc (Joey), Lisa Kudrow (Phoebe), David Schwimmer (Ross), Matthew Perry (Chandler), Courtney Cox (Monica) e Jennifer Aniston (Rachel)

Numa quinta-feira, 22 de setembro, há 25 anos, foi ao ar nos Estados Unidos o primeiro episódio de "Friends". A série foi bem recebida, mas não estourou em matéria de audiência – perdeu espectadores à medida em que os primeiros episódios foram exibidos. Mas a NBC sentiu que tinha algo bom em mãos e insistiu no projeto.

O resto é história. Até hoje, 25 anos depois da estreia, reprises de "Friends" fazem enorme sucesso. No Brasil, a série é exibida no canal Warner, que atualmente promove uma maratona. As 10 temporadas, hoje também disponíveis na Netflix, a partir de 2020 estarão no HBO Max, serviço de streaming da WarnerMedia.

Abaixo, compilei alguns bastidores da pré-história de "Friends" com base nos relatos de executivos da TV americana registrados em livros nunca publicados no Brasil. Veja:

1. A NBC estreou dois dos maiores sucessos de sua história na mesma semana. A série médica "ER" estreou em 19 de setembro de 1994 e ficou no ar até 2 de abril de 2009, com um total 331 episódios em 15 temporadas. Já "Friends" foi ao ar três dias depois, em 22 de setembro, e ficou no ar até 6 de maio de 2004, ao longo de dez temporadas e 236 episódios.

2. O projeto de "Friends" foi apresentado primeiro para a Fox e depois para a NBC. A Fox quis fazer um piloto, mas não aceitou uma cláusula do contrato imposta por Les Moonves, então CEO da Warner: se desistisse de fazer a série após o piloto, teria que pagar US$ 150 mil de multa. A NBC topou esta cláusula. E ficou com a série, que rendeu – e ainda rende – bilhões de dólares.

3. Marta Kauffman e David Crane, os criadores da série, trabalhavam inicialmente com título "Six of One". No processo de realização, a série também foi chamada de "Friends Like Us", antes de assumir o título definitivo.

4. Uma das poucas críticas da NBC ao piloto foi quanto à cafeteria Central Perk. "Vocês não poderiam trocar para um restaurante?" A sugestão, como se sabe, não foi acatada.

5. Os autores queriam Matthew Perry para o papel de Chandler, mas ele estava envolvido em outro projeto. O ator Craig Bierko fez um teste e chegou a ser aprovado. Depois desistiu. E Perry pegou o papel.

6. Courtney Cox foi convidada para fazer Rachel, mas ela disse que queria ser Monica. Disputou o papel com a atriz Nancy McKeon, também testada, e levou. Crane e Kauffman dizem que escreveram a personagem pensando na atriz Jeanne Garofalo para vivê-la.

7. No roteiro original, Joey não era burrinho, como acabou ficando. Conta David Crane: "Não era burro até a gente começar a gravar o piloto e alguém disse: 'Matt LeBlanc interpreta um bobão muito bem'".

8. David Schwimmer foi o único dos seis que não se submeteu a testes. Foi convidado direto para viver Ross.

9. A ideia de colocar os personagens morando em apartamentos no mesmo andar de um prédio foi de Warren Littlefield, que presidiu a área de entretenimento da rede NBC entre 1991 e 1998.

10. O ator Matt LeBlanc pediu aos criadores da série, ainda na fase de leitura dos roteiros: "Que tal se o Joey sair com todas as garotas de Nova York, menos com estas três?" Ele conta que fez esse pedido por ter intuído que a série teria vida longa, como teve, e que seu personagem teria mais chances de crescer se ele não ficasse preso a uma das três garotas protagonistas.

11. Na oitava temporada, contra a vontade do elenco e, possivelmente, dos fãs, Joey namorou Rachel (todo mundo queria que ela ficasse com Ross). David Crane explica. "Sabemos que é errado. É por isso que vamos fazer", disse então aos atores.

12. A primeira temporada da série fez mais sucesso de audiência ao ser reprisada no início de 1995 do que ao ser exibida originalmente no segundo semestre de 1994.

13. Por alguns anos, a NBC não permitiu que aparecessem embalagens de preservativos na série. A palavra "pênis", permitida inicialmente, foi proibida depois da terceira temporada. Posteriormente, o veto caiu.

14. Os seis atores tinham contratos individuais e diferentes. Quando "Friends" se tornou um sucesso, já na segunda temporada, Schwimmer sugeriu que fizessem um pedido em conjunto. "Vamos pedir para ganhar a mesma coisa", propôs. "Viramos um mini-sindicato". A proposta foi aprovada. Eles pediram US$ 100 mil por episódio e fecharam negócio por US$ 70 mil.

15. Na última temporada, cada um ganhou US$ 1 milhão por episódio. Foram 18 episódios, sendo que um reuniu apenas momentos gravados anteriormente. "Os seis atores ganharam por 17 semanas de trabalho mais do que Charles Chaplin ganhou em toda a sua carreira", registra o jornalista Bill Carter.

Fonte: "Desperate Networks", de Bill Carter (Broadway Books, 2006), e "Top of the Rock", de Warren Littlefield (Anchor Books, 2012)

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.