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Bolsonaro privilegia o SBT em entrevistas para falar da Previdência

Mauricio Stycer

09/06/2019 05h01

O apresentador Ratinho recebeu o presidente Jair Bolsonaro em seu programa esta semana

Entrando no sexto mês do novo governo, vale a pena tentar entender como o presidente Jair Bolsonaro tem aparecido na televisão. Quais são as suas prioridades? Onde ele se sente mais à vontade?

O SBT, até o momento, é o canal que tem merecido maior atenção do presidente. Ele fez praticamente um "tour" pela emissora nos últimos 30 dias. No início de maio foi recebido por Silvio Santos para uma conversa amigável de 30 minutos sobre os seus planos e projetos, entre os quais a reforma da Previdência.

No final do mês, gravou duas longas entrevistas, de quase uma hora cada. A primeira, com Danilo Gentili, foi exibida no "The Noite" na madrugada de 31 de maio. A segunda, com Ratinho, foi ao ar nesta terça-feira (04). E na sexta-feira o presidente deve aparecer em um quatro programa do SBT, o "Operação Mesquita", com quem também falou.

A entrevista com Ratinho chamou a atenção pelo excesso de elogios e perguntas fáceis do apresentador. Um exemplo: "O senhor está gostando de ser presidente? O senhor está fazendo umas coisas que eu não vi quase nenhum presidente fazer. Outro dia, o senhor estava em Cascavel e foi na cerca abraçar os populares. Não é perigoso, presidente?"

Em maio, Bolsonaro também deu longa entrevista a Luciana Gimenez, da RedeTV!, no mesmo tom ameno visto no Ratinho, e em março falou longamente com José Luiz Datena, no "Brasil Urgente", da Band.

Já a Record tem sido a mais bem-sucedida em ouvir Bolsonaro, de forma exclusiva, em programas jornalísticos, especialmente no seu principal telejornal. O presidente tem sido solícito em falar com a emissora sobre temas quentes do noticiário. Por outro lado, a Globo, desde o início do governo, não falou com exclusividade com o presidente em momento algum.

Com a estratégia de convencer o espectador sobre a importância da reforma da Previdência e promover as primeiras iniciativas do seu governo, Bolsonaro tem privilegiado programas populares comandados por apresentadores que não precisam fazer perguntas incômodas ou críticas.

Coincidência ou não, dois destes apresentadores, Ratinho e Luciana, também protagonizaram nos últimos dias, em seus programas, ações comerciais do governo em favor da reforma da Previdência e da Caixa Econômica Federal. Foram dois merchandisings em cada um.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.