No Conversa com Bial, mulheres acusam médium João de Deus de abuso sexual
Sem banda musical nem plateia, o "Conversa do Bial" desta sexta-feira (08) exibiu um conteúdo diferente do habitual – e muito chocante. Quatro mulheres deram depoimentos sobre abusos sexuais sofridos em sessões com o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus.
Desde 1976, ele faz atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). É o mais famoso médium brasileiro e o seu trabalho atrai, também, muito interesse de estrangeiros.
"Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus, muito menos a fé de milhares de pessoas que o procuram", avisou Bial antes de exibir os depoimentos. "Estamos apenas dando voz a mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium".
O jornalista informou que ele e a repórter Camila Appel ouviram, separadamente, denúncias de dez mulheres. Mas, por uma questão de tempo, apenas quatro depoimentos foram exibidos.
O programa mostrou duas tentativas de ouvir João de Deus a respeito das acusações. Em nota, a sua assessoria declarou que o médium "rechaça veementemente qualquer pratica imprópria em seus atendimentos".
No estúdio, Bial recebeu a coreógrafa holandesa Zahira Nieleke Lous, que relatou assédio sexual sofrido, e a americana Amy Biank, que esteve 45 vezes em Abadiânia e levou 1.500 pessoas lá, e afirmou ter visto João de Deus forçar uma mulher a fazer sexo oral com ele.
Em seu depoimento, Zahira disse que hoje não sabe se João Deus "tinha incorporado a entidade ou se estava fingindo que tinha incorporado" quando começou a atendê-la. Ela se recordou assim do que ocorreu: "Pensei: por que tenho que colocar minha mão no seu pênis para ser curada? Me colocou de joelhos diante dele. Abriu a calça e colocou a minha mão no seu pênis." Em outro encontro, a coreógrafa disse que foi penetrada por trás pelo médium.
Outras três mulheres, brasileiras, também deram depoimentos sem mostrar o rosto e com a voz distorcida para não serem reconhecidas. Os relatos são todos muito semelhantes. Todas foram obrigadas a masturbar o médium. Ele pediu em várias ocasiões que elas fizessem sexo oral nele.
Uma delas relatou que o médium passou a mão no corpo dela. "Só pensava: como eu vou sair daqui? Se eu gritar, eu vou ser apedrejada aqui dentro". Outra disse: "Não fui curada ou ajudada. Fui abusada". Uma mulher de 33 anos contou que João de Deus pediu pra ela segurar o pênis dele. "Isso é uma ferida enorme".
"Tenho a esperança de inspirar outras mulheres", disse Zahira. "Nós não temos que sentir vergonha; ele é que tem que sentir vergonha".
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