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Tara de delegado por calcinha vira merchan insólito em "O Sétimo Guardião"

Mauricio Stycer

05/12/2018 23h53


Tudo está à venda, inclusive o fetiche do delegado Joubert Machado (Milhem Cortaz), um dos personagens mais curiosos de "O Sétimo Guardião". Fascinado por calcinhas, que usa escondido, o personagem protagonizou uma ação comercial de dois minutos no capítulo desta quarta-feira (05), sob os auspícios de uma marca de lingerie.

"Ué, nunca tinha reparado naquele anúncio que colocaram lá", disse ele ao ver um outdoor em Serro Azul com imagens de três modelos. Em instantes, Machado é transportado para dentro do anúncio, que ganha vida. "Tô ficando louco. Onde eu vim parar?", ele pergunta. "Dentro do seu sonho de consumo", responde uma das modelos. "Confessa! É tudo que você sonhou".

A ação comercial termina com Machado "acordando" do sonho, mas com uma calcinha vermelha na mão.

Como ocorre com a maior parte das ações de merchandising, a cena não teve vínculo algum com a trama. Foi tão gratuita e insólita, além de lucrativa para a Globo, que levantou a dúvida se Aguinaldo Silva não teria criado o personagem por encomenda do anunciante.

Em tempo (atualizado em 6/12): O colunista Nilson Xavier, um dos principais pesquisadores sobre teledramaturgia brasileira, me lembra que em "Roque Santeiro" (1985) ocorreu uma ação comercial semelhante com o mesmo anunciante.

Na novela, escrita por Aguinaldo Silva e Dias Gomes, o professor Astromar (Rui Rezende), que virava lobisomem e era reprimido sexualmente, olha um outdoor de calcinhas e enxerga a modelo rebolando para ele. Neste vídeo, há um registro da cena seguinte, na qual o personagem relata o que viu.

Esta "coincidência" reforça minha impressão de que o autor desenvolveu o fetiche do personagem Machado, em "O Sétimo Guardião", não apenas com objetivo dramatúrgico, mas também comercial.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.