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Globo minimiza reportagem da Folha sobre ação anti-PT no WhatsApp

Mauricio Stycer

18/10/2018 22h29


Destacada na capa da Folha nesta quinta-feira (18), a notícia de que empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp foi o assunto do dia no Brasil. A reportagem de Patrícia Campos Mello afirma que empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) estão comprando um serviço de divulgação em massa de mensagens contra o rival na disputa eleitoral. A prática, uma forma de doação de empresas, configura violação da lei eleitoral.

Pela gravidade da denúncia, a reportagem da Folha teve enorme repercussão no meio político e na mídia. Fernando Haddad falou do assunto em diferentes eventos que participou e o PT entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedindo a inelegibilidade de Bolsonaro por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.

Bolsonaro e o PSL responderam negando as acusações e anunciando a intenção de processar Haddad. Um dos empresários citados pelo jornal também reagiu, dizendo que pretende processar a Folha. Jornais de diferentes países repercutiram a "reportagem bombástica" da Folha.

Por tudo isso, chamou a atenção a timidez das principais emissoras de TV no Brasil diante do caso. A Globo, em particular, evitou repercutir a notícia da Folha diretamente. O "Jornal Nacional" optou por falar do caso de forma indireta, citando a decisão do PT de pedir a inelegibilidade de Bolsonaro "por suposto esquema de divulgação de notícias contra o PT nas mídias sociais", como disse William Bonner.

O repórter Alan Severiano tratou do assunto por 60 segundos durante o noticiário sobre a agenda de Haddad. Ele repetiu a frase lida por Bonner e reproduziu trechos da fala de Haddad com acusações à campanha do adversário. Ao final, Bonner e Renata Vasconcellos leram, por 45 segundos, a resposta do presidente do PSL, Gustavo Bebiano, que nega as acusações e diz que vai processar o candidato do PT.

O "Jornal da Record", igualmente, reproduzindo Haddad, falou do "suposto uso indevido" do WhatsApp e ouviu Bolsonaro, que afirmou não ter conhecimento de nenhuma ilegalidade. Na sequência, o telejornal lembrou que "o PT é suspeito de desrespeitar a legislação eleitoral" num caso que envolve o pagamento por publicações favoráveis ao partido no Twitter.

Atualizado em 19/10, às 22h30: Com um dia de atraso, o "Jornal Nacional" tratou em profundidade, nesta sexta-feira (19), do caso levantado pela "Folha" na véspera e dos muitos desdobramentos que a reportagem de Patrícia Campos Mello gerou. Por nove minutos, o telejornal da Globo atualizou o espectador com informações sobre as empresas suspeitas de integrar um esquema para caluniar Haddad por meio do WhatsApp.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.