Na volta à TV, ataques ao rival ocupam 35% do tempo de Bolsonaro e Haddad
Tentar desconstruir a imagem do adversário, apontar as contradições do rival, expor os perigos que ele representa são estratégias conhecidas em propaganda eleitoral. Mas assusta ver que a campanha do segundo turno comece dando mais peso a este tipo de publicidade negativa do que a anúncios com foco em questões positivas e propositivas. Cerca de 35% do tempo total do programa de estreia foi dedicado a ataques.
A batalha entre Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT) começou nesta sexta-feira (12) apresentando cenários de filmes de ficção científica, sugerindo ao eleitor que uma distopia os aguarda se escolherem um ou o outro.
Bolsonaro dedicou os primeiros dois quintos do seu tempo (40%) com propaganda alarmista sobre governos de esquerda. Começou em 1990, falando da criação do Foro de São Paulo, "liderado por Lula e Fidel Castro", enquanto a "Europa se libertava do comunismo". "A semente de doutrinação e domínio político foi plantada em nossa pátria", informou o narrador, equiparando Cuba, Venezuela e Brasil. "Estamos à beira do abismo", avisou o programa do candidato.
Já Haddad abriu a sua propaganda destacando episódios de violência ou brutalidade cometidos por eleitores ou apoiadores do rival ("Uma onda de violência tomou conta do Brasil"). Citou o caso da morte, esfaqueado, de Moa do Catendê, mostrou imagens da mulher que teve o pescoço marcado por canivete com uma suástica e do candidato a deputado do PSL que rasgou uma placa em homenagem a Marielle Franco. "Se a violência já chegou nesse nível, imagina se ele fosse presidente", alertou o programa em seus primeiros 90 segundos (30% do total).
Temos ainda 14 dias de propaganda eleitoral pela frente. Esta estreia prenuncia que vai ser uma campanha pesada.
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