“Você é mais poderoso do que eu”, diz Alckmin a Bonner no JN
Entrevistado pelo "Jornal Nacional" nesta quarta-feira (29), o candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) se viu pressionado a responder a questões espinhosas que envolvem o período em que foi governador de São Paulo, em temas como segurança, transporte e saúde.
Uma das questões disse respeito a Laurence Casagrande Lourenço, que foi secretário de Logística e Transportes e presidente da Dersa (estatal paulista de transportes) no governo Alckmin. Ele está preso desde junho sob suspeita de favorecer empreiteiras na obra do trecho norte do Rodoanel.
O tucano defendeu o executivo e classificou como injustas as acusações. Diante da insistência do apresentador William Bonner, que detalhou aspectos do inquérito que acusa Casagrande, Alckmin tentou fugir do assunto com uma resposta curiosa: "Eu não tenho essas informações que você tem, até porque estão em segredo de Justiça. Você é mais poderoso do que eu. Consegue".
A entrevista também foi marcada por um erro dos entrevistadores. Bonner e Renata Vasconcellos questionaram Alckmin sobre o apoio que estaria recebendo de Fernando Collor (PTC). Na verdade, o PSDB de Alagoas está apoiando o ex-presidente na eleição para o governo do Estado, mas o PTC não faz parte da coligação que apoia Alckmin (veja mais aqui).
Bonner e Renata mantiveram o padrão exibido nas duas primeiras entrevistas, com Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL): muitas questões, interrupções e contextualizações no esforço de pressionar o candidato e não deixar que ele discurse e faça propaganda. Alckmin não teve sossego ao longo dos 27 minutos da entrevista (veja mais aqui).
Globo responde a Bolsonaro pela segunda vez
Ao final do JN de quarta-feira (29), Bonner leu uma nota oficial da Globo, respondendo a uma frase dita por Bolsonaro para Renata na véspera. "Você vive em grande parte aqui de recursos da União. São bilhões que recebem o Sistema Globo da propaganda oficial do governo", disse o candidato.
O apresentador respondeu: "É uma afirmação absolutamente falsa. A propaganda oficial do governo federal, e de suas empresas estatais, corresponde a menos de 4% das receitas publicitárias e nem remotamente chega à casa do bilhão. Os anunciantes, privados ou públicos, reconhecem na TV Globo uma programação de qualidade, prestigiada por enorme audiência, e por isso se valem dela para levar ao público mensagens sobre seus serviços e produtos. Fazemos esse esclarecimento por apreço à verdade, ao nosso público e aos nossos anunciantes" (veja no vídeo acima).
A questão, porém, tem nuances. Como mostra um levantamento do site Poder 360, o Grupo Globo recebeu R$ 10,2 bilhões em publicidade federal de 2000 a 2016, e Bolsonaro fez uma declaração genérica, sem citar um período específico de tempo. Segundo o último dado disponível, em 2016 a publicidade estatal federal na emissora foi de R$ 323,8 milhões. Falando em termos anuais, este dado confirma a afirmação da Globo.
Foi a segunda resposta oficial em 24 horas. No dia anterior, ao final do telejornal, Bonner respondeu ao comentário de Bolsonaro sobre o apoio de Roberto Marinho ao golpe de 1964. Disse que a emissora reconhece que este apoio foi um erro.
Atualizado em 30/8, às 11h.
Veja também
Apresentadores do JN ocupam 40% do tempo da entrevista com Ciro Gomes
Com mais tempo do que Ciro no JN, Bolsonaro volta a confrontar a Globo
Comentários são sempre muito bem-vindos, mas o autor do blog publica apenas os que dizem respeito aos assuntos tratados nos textos.
Sobre o autor
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.