Novela “Jesus” incomoda católicos ao retratar outros filhos de Maria
A primeira fase de "Jesus", mais recente novela bíblica da Record, terminou nesta quinta-feira (02) com uma cena que causou incômodo aos espectadores católicos. O oitavo capítulo mostrou a volta de Maria e José a Galiléia, após uma temporada de refúgio no Egito.
Este retorno, segundo o relato de Mateus, ocorreu após a morte do rei Herodes. Na cena exibida pela novela, além do menino Jesus, o casal traz mais dois filhos, Tiago e José, o que contraria a fé na virgindade perpétua de Maria, tal como defendida pelo catolicismo.
A primeira fase da novela misturou relatos históricos com testemunhos religiosos. A novela mostrou o contexto do reinado do autoritário e paranoico Herodes, em meio à fé do povo na chegada de um Messias.
Antes de exibir o nascimento de Jesus, anunciado pelo anjo Gabriel, os capítulos iniciais centraram foco na relação entre Maria e José. A mãe de Jesus foi retratada como uma figura mais terrena, como a veem os evangélicos, em oposição à imagem mais elevada venerada pelos católicos.
Logo no início da trama, Maria é objeto de fofocas e questionamentos por anunciar que está grávida antes do casamento com José. A afirmação de que é virgem e espera o "filho de Deus" não convence a todos e uma falsa amiga espalha que o pai da criança pode ser um soldado romano. Esta história consta de escritos de um autor pagão anticristão, chamado Celso.
As dores do parto sentidas por Maria ao dar à luz o menino Jesus, como mostrou a novela, também pontuaram esta visão mais "humana" da personagem. Já o episódio do "massacre dos inocentes", atribuído a Herodes, não tem comprovação histórica e exalta a visão bíblica de que o rei temia a chegada do "rei dos judeus".
Antes da estreia, em entrevista a Nilson Xavier, a autora de "Jesus", Paula Richard, assegurou: "Não haverá pregação!" Foi uma observação em resposta aos problemas enfrentados por Vivian de Oliveira, autora de "Apocalipse" – a novela anterior sofreu mudanças determinadas por Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo e supervisora de texto das tramas bíblicas da emissora.
Contar uma história tão conhecida, e alvo de tantas interpretações, inevitavelmente iria provocar descontentamentos. Mas o passivo da Record nesta questão específica poderia ter levado a emissora a adotar uma abordagem mais cuidadosa em sua nova novela.
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