TV Cultura nega machismo, mas admite erro no Roda Viva com Manuela D´Ávila
Em artigo publicado neste domingo na Folha, Jorge da Cunha Lima, vice-presidente do Conselho Curador da TV Cultura, responde a algumas das críticas recebidas pelo programa "Roda Viva" que entrevistou Manuela d´Ávila, pré-candidata à Presidência da República pelo PC do B, há duas semanas.
A entrevista chamou a atenção pelo número muito alto de interrupções feitas a Manuela. Levantamento da Folha indicou que a entrevistada foi interrompida ao menos 40 vezes durante os 80 minutos da sabatina — uma vez a cada dois minutos.
Outros pré-candidatos à Presidência entrevistados neste ano pelo Roda Viva não passaram por nada semelhante. Guilherme Boulos (PSOL) foi interrompido nove vezes, seguido por Ciro Gomes (PDT), com oito cortes, e Marina Silva (Rede), cortada no meio de uma fala apenas três vezes.
Coordenador do "grupo de acompanhamento" do programa, Cunha Lima rejeita a acusação de que as interrupções sejam fruto de machismo. "Um clima de respeito à pessoa humana é fundamental, seja homem ou mulher. Mas dar duro num entrevistado homem, conforme tradição do programa, não significa que o programa seja feminista, e vice-versa", escreve.
Cunha Lima reconhece que o programa "não deve agredir a pessoa do convidado, nem impedir que ele conclua um pensamento, em tempo televisivo" – o que aconteceu, com frequência, na entrevista com Manuela d´Ávila.
Mas ele defende que os entrevistados sejam impedidos de fazer propaganda política no ar. O "Roda Viva", diz "não é um simpósio para exposições doutrinárias nem uma arena para se levantar a bola a fim de que o entrevistado a utilize para fazer proselitismo político ou propaganda de seus posicionamentos partidários".
O executivo reconhece um erro na entrevista com Manoela d´Ávila: o convite para que Frederico D´Ávila integrasse a bancada de entrevistadores. Como apontei, ao apresentá-lo como diretor da Sociedade Rural Brasileira, o mediador Ricardo Lessa omitiu a informação de que ele é o coordenador da área rural do programa de governo do presidenciável Jair Bolsonaro.
"O Roda Viva não pode ser partidário do ódio explícito, venha de que lado vier dessa gangorra", escreveu Cunha Lima na Folha, sem citar o nome de Manuela d´Ávila no artigo. "Erramos ao permitir que um debatedor convidado para o programa da candidata à Presidência pelo PC do B fosse militante de uma campanha para presidente – erro que reconheço, pois autorizei, e para o qual já adotamos normas restritivas".
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