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Caso Marielle levanta discussão sobre pauta e equipe do Encontro com Fátima

Mauricio Stycer

15/03/2018 13h32


A morte da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), assassinada na noite de quarta-feira (14) no Rio, ocupou o "Encontro com Fátima Bernardes" na manhã desta quinta (15). A escritora Ana Paula Lisboa, que esteve com Marielle no evento ocorrido pouco antes da morte da vereadora, foi uma das convidadas. O seu primeiro comentário, porém, não foi sobre o crime, mas sobre a própria pauta do programa da Globo e a formação de sua equipe.

"Obrigada pelo convite e por trazer essa pauta logo de manhã pra televisão. É muito difícil pra mim estar aqui. Já há um tempo que eu falo que não queria falar mais sobre dor. É péssimo estar aqui no seu programa falando sobre isso porque eu poderia falar sobre muitas outras coisas. Mas, na verdade, eu só vim porque a produtora que me ligou hoje cedo… Eu estava pronta para dizer um 'não'. E ela falou pra mim: 'Ana, eu sou a única mulher negra na produção. E a gente precisa falar sobre isso'."

Fátima respondeu sobre a pauta: "E a gente sempre procura falar sobre isso no programa, das mais variadas formas. Para nós, também é muito melhor quando a gente não fala sobre dor e fala sobre lutas e sobre conquistas. Mas tem hora que não tem como." Ana Paula a interrompeu e completou:

"Eu tive que vir porque o trabalho da Marielle era exatamente este: trazer as pautas das mulheres, das mulheres negras, das mulheres faveladas. Trazer os corpos, na verdade, destas mulheres para ocupar outros espaços e para falar sobre outras coisas. E era isso que a gente estava fazendo ontem. Foi muito bonito porque a gente falou sobre ancestralidade, força, sobre poder se reunir para falar sobre a dor, que é o que a gente faz desde que o mundo é mundo, mas também falar sobre as nossas conquistas. Então, o tema da conversa era 'jovens negras movendo as estruturas'. E a gente falou sobre como a gente estava conseguindo vitórias importantes."

Foi a primeira vez que Ana Paula Lisboa esteve no "Encontro". Marielle Franco nunca havia participado do programa.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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