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Não tem um médico que preste em "O Outro Lado do Paraíso"?

Mauricio Stycer

18/01/2018 05h01


A primeira novela das 21h de Walcy Carrasco, "Amor à Vida" (2013), tinha um hospital, o San Magno, como centro da trama. A instituição só reunia profissionais de caráter duvidoso – do diretor à enfermeira, passando pelos médicos. Escrevi, na época, um texto mostrando que não havia um único médico que prestava na novela.

Agora, em "O Outro Lado do Paraíso", sua segunda novela das 21h, Walcyr voltou a colocar um hospital no centro da trama, em Palmas (TO). Não é tão importante quanto o de "Amor à Vida", mas é o ambiente onde vários personagens trabalham. E a história está se repetindo – os profissionais ou exibem caráter duvidoso ou são idiotas e bobos. Veja:

Samuel (Eriberto Leão): Diretor do hospital, o psiquiatra forneceu os laudos falsos que permitiram a internação de Clara (Bianca Bin) num hospício. Também já roubou remédios da farmácia do hospital para dar a Sophia (Marieta Severo), com o objetivo de prejudicar Clara. Demitiu um médico por não gostar de gays, embora seja, ele próprio, homossexual.

Tônia (Patricia Elizardo): Ginecologista, se envolveu com Bruno (Caio Paduan) por obra da mãe dele, Nádia (Eliane Giardini). A sogra a convenceu que deveria fingir gravidez para se casar com o rapaz. Ela topa participar de qualquer tramoia para reconquistar o marido, sempre estimulada pela sogra. Segundo o site Notícias da TV, Tônia vai tentar aplicar o golpe da barriga pela segunda vez. Agora, a médica transará com o garimpeiro Zé Victor (Rafael Losso) para engravidar e dizer que o bebê é do delegado. Em resumo, ela é uma idiota completa, sem iniciativa ou vontade própria. Parece uma mulher dos anos 1950.

Aura (Tainá Muller): Médica, é namorada de Gael (Sergio Guizé). Submissa, é agredida pelo namorado e não faz nada – esconde as marcas e não o denuncia. Em capítulos que serão exibidos em fevereiro, Aura vai tentar dar um golpe em Clara ao afirmar que é irmã dela por parte de pai, mas será descoberta.

Suzy (Ellen Roche): Não chega a ser má pessoa, mas também é pouco favorecida em matéria de inteligência e sensibilidade. Casou com Samuel, apesar de todas as indicações de que ele era gay, topou morar com o psiquiatra na casa da sogra e nunca nem desconfiou da vida dupla do marido. Teve que ser levada por Clara ao apartamento onde Samuel se encontrava com o amante para descobrir tudo. Na sequência, fez um escândalo no próprio hospital, gritando que o marido é gay.

Renato (Rafael Cardoso): O cirurgião é um tipo misterioso e ambíguo. Posicionou-se, inicialmente, a favor de Clara, mas depois que ela se casou com Gael, ele resolveu se casar com Lívia. No momento, separado, está empenhado em conquistar Clara mais uma vez. Segundo o site Notícias da TV, ainda será revelado que Renato tentou assassinar Clara e causou a morte de Beatriz (Nathalia Timberg).

Rafael (Igor Angelkorte): Médico experiente, foi apresentado como um sujeito que teve várias namoradas, inclusive Lívia (Grazi Massafera). Depois que apaixonou-se por Laura (Bella Piero), que parece uma criança, passou a se comportar como um bobão. Esta semana, Carrasco arrumou uma função positiva para o médico – ele revelou a Bruno que Tônia fez uma armação para prejudicar o namoro do delegado com Raquel (Erika Januza). Atualizado: Tem dado todo apoio a Laura, que descobriu ter sido abusada na infância pelo padrasto.

Elder (Carlos Bonow): O ginecologista foi contratado depois que Tônia pediu licença do hospital para não ser notificada sobre a ação de divórcio movida pelo ex-marido. Desde que apareceu, Elder chama a atenção por um detalhe grotesco: é tarado por pés. Sem constrangimento, elogia e alisa os pés de Suzy (Ellen Roche) na frente de outros personagens. É mais um integrante do núcleo "cômico" liderado por Samuel (Eriberto Leão), o diretor do hospital.

Walcyr Carrasco tem algum problema com médicos? Ou hospitais?

Atualizado em 2 de fevereiro.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

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