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“Quem disse que acabou? Longe disso”, diz o diretor do “Pânico”

Mauricio Stycer

17/12/2017 18h55

Vai ao ar neste domingo (17) o último "Pânico na Band" ao vivo. Nos dois domingos seguintes, a emissora exibirá edições gravadas. E depois… tchau. O fim desta experiência de seis anos (2012-17) na emissora não é o ponto final do programa, garante o diretor Marcelo Nascimento. Em texto escrito para o blog, ele fala sobre o lugar do "Pânico" em meio à revolução digital em curso. Faz um balanço deste último ano – o humorístico foi o programa da Band mais visto no Brasil em 2017. E garante: "Vem novidade aí".

"Só os mortos conhecem o fim da guerra…"

Por Marcelo Nascimento

Até que enfim, o fim! Encerramos na Band, uma jornada maravilhosa que se iniciou na TV há quase 15 anos. Quase, nem deu pra perceber que tanta coisa aconteceu e que muita gente boa contribuiu para isso. O legado desse projeto chamado Pânico é gigantesco. Uma honra ter sido chamado para fazer parte desta história.

Mas quem disse que acabou? Longe disso! Esta marca transcende. Vai continuar empregando e influenciando muitos jovens talentos da comunicação e do humor. Inovando e chamando pra si a responsabilidade de ousar e de incomodar. O Pânico faz bem para as pessoas apesar de alguns sofrerem de indigestão por conta disso. E acredite, todos nós precisamos de um certo pânico em nossas vidas pra nos atirar pra fora da zona de conforto. E a TV era uma zona, que até nos causava um desconforto, que de certa maneira, impedia que o projeto pudesse crescer ainda mais.

O ciclo se encerra com a média de 5 pontos de audiência e sendo o programa mais visto da Band no Brasil. Pouco? Talvez! Ao se comparar com os 2 bilhões de views/vídeos em 2017 em nosso canal do You Tube. Números indiscutíveis que, neste ano, superaram em engajamento de público cases de sucesso como Porta dos Fundos, o número 01, Whindersson Nunes e atraiu para o canal, o investimento de grandes anunciantes. Entre eles, a multinacional, Coca Cola. O Pânico, hoje, é maior que o digital da Band e do SBT juntos.

No momento em que as emissoras de TV não medem esforços para crescerem no mundo digital, agora fora dela, o Pânico, bem à frente, deve mostrar qual será o caminho a ser seguido pelos produtores de conteúdo no Brasil.

O fato de uma telecom, a AT&T, ter adquirido um grupo poderoso como a Time Warner, por bilhões de dólares, pode até ter passado despercebido pelo grande público. No entanto, pra quem está atento, já é um indicio de que algo está mudando em relação a distribuição e envelopamento de conteúdo entre o broadcasting e o digital.

Grande parte do nosso incrível público migrou pro digital. E é para onde eles estão que iremos. Há tempos, não existe mais a obrigatoriedade de colocar alguém sentado em uma poltrona com hora marcada pra dar risada. Saiu de cena o controle remoto. O smartphone é o que controla agora o público. O mundo é mobile. E o Pânico já está nesse universo há muito tempo com seus milhões de seguidores no Facebook, Instagram e Twitter.

E olha que até demorou pra gente ir. Quanto tempo faz que o público jovem, qualificado, está nos chamando? "Vem Pânico, estamos aqui!"

Claro que o Pânico irá continuar na TV. Mas quem vai decidir quando e como, é o público, aquele que é soberano para as marcas e anunciantes.

Enquanto isso, pegue seu smartphone, dê uma busca no Google pelas palavras Pânico na Band. Quase 90% das pessoas dizem que gostam.

Estamos mais vivos do que nunca!

"Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência"

Não é um texto pra causar comoção. É pragmatismo puro. E o buzz nas redes sobre o fim do Pânico na TV aberta e qual será seu destino deve continuar. Algo normal pela dimensão da marca e sua relevância.

Vem 2018!

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.