Em “Lazinho com Você”, Lázaro Ramos busca mostrar quem ele representa
A estreia de "Lazinho com Você" neste domingo (10) confirmou o que foi prometido: um programa colaborativo, nascido em um site e guiado pela proposta de uma "agenda positiva". Gravado quase inteiramente nas ruas, sob a batuta de Lázaro Ramos, contou histórias, exibiu muita gente filosofando sobre a vida e reproduziu uma dezena de vídeos de dança feitos por anônimos. Até grafismos caseiros foram ao ar.
O cuidado de dar crédito a cada um dos colaboradores buscou reforçar a mensagem de que Lázaro Ramos não está fazendo demagogia quando diz: "Cheguei, não. Chegamos. Porque esse programa não é meu, é nosso. Nós vamos fazer tudo juntos." Será?
Parece honesta e simpática esta ambição, mas não creio que seja o mais importante. Outros programas, em TVs educativas e na própria Globo, já se aventuraram por estes caminhos visíveis no primeiro episódio de "Lazinho com Você".
Ao explicar a ideia do quadro "Me representa", Lázaro Ramos contou que está sempre ouvindo de fãs que se tornou um símbolo. "Você me representa", é a frase que escuta. Daí veio a proposta de brincar e se colocar no lugar do outro, buscando ajudá-lo.
Na estreia, o ator se colocou na posição de uma mulher que está vivendo uma crise conjugal. Com informações passadas por ela e fantasiado de mulher, encontrou-se com o marido e "discutiu a relação" com ele.
Esta é a brincadeira, mas Lázaro Ramos, de fato, representa muita gente hoje em dia – e o programa parece confiar nesta hipótese. No livro "Na Minha Pele", lançado este ano, ele observa que tem a responsabilidade de discutir "os desafios de ascender socialmente e se inserir em outra realidade sendo uma exceção".
Com a mulher, Taís Araújo, Lázaro Ramos representa uma voz contestadora, orgulhosa de suas origens, com a ambição de promover a inclusão e, como lembra no livro, de "não estimular a separação".
É isso que tenta, de certa forma, fazer no bem-humorado "Mister Brau" e que, acho, busca também em "Lazinho com Você": bom entretenimento com uma pitada de reflexão.
Um dos desafios do novo programa, que terá uma primeira temporada de apenas cinco episódios, é escapar do sentimentalismo (o quadro com o criador de uma escolinha de futebol para crianças sem opção de lazer na periferia esbarrou nisso). Outro risco, na sua busca por uma agenda positiva, é ficar com cara de ONG e esquecer que espectador pode estar buscando algo mais divertido e menos "poliana" na TV aberta neste horário.
Lázaro Ramos e sua equipe parecem atentos a este risco. Depois de ouvir várias pessoas passando mensagens positivas e solidárias, o apresentador perguntou: "Até que ponto é para a câmera, até que ponto é verdade?" É por aí…
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